No dia 13 de fevereiro, a repórter Juliana Bublitz e eu reencontramos, em Belo Horizonte, seis bombeiros que havíamos conhecido durante as buscas em Brumadinho (acima): o cabo José Carlos Heringer Vieira, os aspirantes a oficial Sandro Matilde Júnior e Tárcio Salles da Silva, o cabo Lauro Garcia e os soldados Adriano Antunes de Souza e Emília Couto Viana e Sousa.
No dia 28 de janeiro, três dias após o rompimento da barragem, havíamos acompanhado cinco homens e uma mulher que rastejavam na lama em busca de corpos das vítimas da tragédia da barragem da Mina do Córrego do Feijão. Os bombeiros desceram em um helicóptero poucos metros de onde estávamos, no meio de uma lavoura no Parque das Cachoeiras. Reuniram-se entre si para decidir as melhores opções de buscas enquanto perguntavam aos moradores informações que auxiliariam no planejamento. Logo entraram na lama, ora tentando pular de uma árvore caída para outra, ora rastejando no meio dos rejeitos. Com pedaços de galhos que usavam como bengalas, iam avançando e desaparecendo no meio do mar marrom, à procura de corpos das vítimas.
Durante um pequeno intervalo durante as buscas, em um galpão abandonado que servia de ponto de descanso no Parque das Cachoeiras, retratei cada um dos seis, recém saídos da lama.
"Posso fazer um retrato teu?"
Cada um dos seis aceitou muito gentilmente o convite que fiz para fotografá-los. Certamente não era o melhor dia da vida de nenhum deles, todos estavam exaustos, sujos, cobertos por uma lama que não sabem até agora o que continha. Sabiam que embora não fosse um dos melhores dias de suas vidas, era, sem dúvida, um dos mais importantes. Cada bombeiro, mesmo esgotado, sabe a importância de todo o esforço que fizeram para trazer alento às famílias afetadas pela tragédia de Brumadinho.
Para o nosso reencontro, três semanas depois, levamos cada foto impressa e recriamos os retratos.