O tremor sentido por moradores de pelo menos quatro bairros de Caxias do Sul na noite desta segunda-feira (12) teve magnitude 2 na escala Richter. A confirmação é do Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UNB) e do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). Sismógrafos dos dois órgãos registraram o fenômeno às 21h07min com epicentro em Caxias do Sul. Um segundo abalo, de magnitude 1.8, foi registrado 16 minutos depois, às 21h23min.
De acordo com o professor George Sand França, da UNB, a magnitude é muito baixa e portanto incapaz de causar danos significativos a construções. Apesar disso, ele afirma que os tremores realizados em Caxias são atípicos.
— Normalmente dá um e depois ocorrem vários de magnitude semelhante, mas em Caxias deu um e os outros não conseguimos detectar. O tremor é pequeno, mas como a população sente, não podemos "tirar do circuito". Mas como é pequeno é difícil detectar — explica.
A própria UNB já realizou em 2010 um estudo na cidade para identificar as causas dos tremores. A conclusão é que a cidade está sobre uma falha geológica, conhecida desde 1974, e rochas basálticas que se acomodam constantemente. Uma análise mais precisa, no entanto, dependeria da instalação de equipamentos permanentes na cidade, o que demanda alto custo.
O geólogo caxiense Nério Susin também afirma que os abalos não tem potencial de causar problemas em construções e que são um fenômeno natural e constante na região.
— Caxias tem uma camada pouco espessa de solo sobre uma rocha dura e nessas rochas as ondas de choque se propagam com mais facilidade. É uma acomodação do solo, não chega a ser uma estrutura tectônica, com grande movimentação. São coisas milimétricas, mas há uma onda de choque porque o material movimentado é muito grande — detalha.
Os bombeiros de Caxias do Sul receberam 200 ligações até as 23h. A maior parte dos relatos eram dos bairros Petrópolis, Sagrada Família, Lourdes e Cristo Redentor. Todos ficam na zona leste da cidade.