Em sua primeira declaração como designado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde, o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) fez críticas ao convênio assinado do Brasil com o governo cubano para o programa Mais Médicos.
— Era um risco que a gente já alertava no início. Nós precisamos de políticas que sejam sustentáveis. As improvisações em saúde costumam terminar mal, e essa não foi diferente das outras. Terceirizamos uma mão de obra essencial. Me parece que era muito mais um convênio entre Cuba e o PT, e não entre Cuba e o Brasil, porque não houve uma tratativa basicamente bilateral, e sim uma ruptura unilateral — afirmou o futuro ministro.
Não há registro de parceria entre o Partido dos Trabalhadores e o governo cubano para a contratação de médicos no programa. No dia 14, Cuba decidiu romper o convênio com o governo brasileiro.
Em 2013, durante as discussões para aprovação no Congresso Nacional da medida provisória que criou o programa, no governo Dilma, Mandetta, então deputado federal, afirmou que os médicos cubanos eram "lançados como balança comercial" por seu país.
Como alternativa para o preenchimento de vagas de médicos em regiões afastadas, Mandetta citou a possibilidade de criação de uma carreira de Estado. Ele disse que há no Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC), apresentada pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) em 2008, com esta previsão. Não há expectativa de votação do texto.
O futuro ministro defendeu a revalidação do diploma para médicos estrangeiros que venham a atender no Brasil, e afirmou que o tema será discutido para chegar à melhor forma. Para ele, esta é uma ação para garantir a segurança dos pacientes:
— Saber quem é, o que estudou, o que falta para atender o povo brasileiro, qual é o grau de competência, qual o grau de vínculo com a comunidade dos que já estão e, (a respeito) daqueles que vierem, onde a gente pode fazer o filtro para que a sociedade possa se proteger.
Ações de investigação
Mandetta é investigado por suspeita de corrupção durante a implantação de um sistema de informatização na área da saúde, quando foi secretário da prefeitura de Campo Grande (MS), entre 2005 e 2010. São apurados indícios de caixa dois, tráfico de influência e fraude em licitação.
Sobre o caso, o futuro ministro disse que se "sente desconfortável, mas uma pessoa pública tem que se submeter a estas situações". Disse que explicou o caso ao presidente eleito, mesmo antes de ter o nome cotado para a pasta.
— Não sou réu, não tenho ainda a condição de saber quais são as culpabilidades a mim impostas (...) No momento, ele (Bolsonaro) entende, ele veio das urnas, entende que é mais importante contar com esta unidade que a gente pode representar para o setor.