Com a greve dos caminheiros e a consequente falta de combustíveis, usuários relatam que a disponibilidade de carros dos aplicativos de transporte foi reduzida em Porto Alegre. A reportagem de GaúchaZH testou os serviços na tarde desta sexta-feira (25).
Primeiro, foi solicitado um carro para realizar o trajeto da esquina das avenidas Erico Verissimo e Ipiranga até o Bourbon Shopping Ipiranga. O motorista Marcelo Vargas, 36 anos, aceitou rapidamente a corrida – naquele momento, o preço dinâmico do aplicativo era 1,3 vez maior.
O condutor – que é marceneiro e trabalha no aplicativo para complementar a renda – conta que, como o carro dele é movido à GNV (gás natural veicular), não foi muito afetado pela crise dos combustíveis.
– Desde ontem (quinta-feira), aumentou uns 40% o movimento. Tem muita gente poupando combustível dos carros e só circulando pelos aplicativos – destacou.
Segundo ele, colegas que utilizam gasolina estão reduzindo as corridas e devem optar pela tarde de sábado ou de domingo, quando não haverá ônibus circulando em Porto Alegre, para fazer mais corridas.
– Quem abasteceu na quinta, com um preço elevado, não terá lucro sem (tarifa) dinâmica – aponta o motorista, que pretendia rodar até meia-noite. A corrida custou R$ 16,72.
Para retornar do shopping até a esquina da Erico Verissimo com a Ipiranga, foi chamado outro aplicativo. Após quatro cancelamentos por parte dos motoristas, quem aceitou a corrida foi Cláudio Prola Ramos, 35 anos, que trabalha com o app há um ano e três meses. Era sua segunda corrida do dia, e ele levou cerca de 10 minutos para chegar.
– Eu enchi o tanque na última quarta-feira, sem me dar conta da greve. No dia seguinte, quando vi o tumulto e as filas, daí eu percebi que havia algo errado – relatou.
Estudante de administração, ele tem calculado o consumo de combustível. Na tarde desta sexta, dizia contar com três quartos do tanque e autonomia para rodar 580 quilômetros. À noite, o motorista estima consumir 18 litros de gasolina, em média.
– Ter um carro econômico ajuda, e eu também sou econômico ao dirigir. Procuro realizar as corridas à noite, quando não há muito tráfego. Evito acelerar o carro bruscamente para não queimar combustível e também não tenho aceitado deslocamentos longos para buscar o passageiro – explicou.
O mantra de Marcelo é racionar.
– Ontem (quinta-feira) gastei um quarto de gasolina. Hoje pretendo gastar mais outro quarto. O resto fica para sábado e domingo. O jeito é racionar. Espero que segunda normalize – sublinha.
Naquele momento, a dinâmica do aplicativo estava 2.1 – ou seja, 110% acima do preço normal. A corrida de 4,2 quilômetros custou R$ 22,36.
Táxis na ativa
O presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari, garantiu que haverá frota de táxis nas ruas neste fim de semana, apesar da redução no número de veículos. A prefeitura de Porto Alegre anunciou, inclusive, medidas emergenciais para o transporte de passageiros no domingo - uma das opções aprovadas é o compartilhamento de táxis.
— Nós temos em torno de 65% da frota movida à GNV, que estão trabalhando. Os demais estão impossibilitados devido à falta de combustível. A orientação é que prestem o melhor serviço possível, com o máximo de carros na rua, pois é nesta hora de dificuldade que precisamos mostrar que somos profissionais e temos responsabilidade social. Neste momento precisamos angariar ainda mais a simpatia da população e fidelizar nossa clientela — afirmou.
O que dizem os aplicativos
Em nota, a Uber afirmou que “acompanha com atenção as notícias sobre a crise de abastecimento no país. Neste momento, reforçamos nossos canais de atendimento para estar em contato permanente com os parceiros e usuários e prestar o suporte que for possível”.
A Cabify diz que “alterou a tarifa mínima de determinadas cidades para a reduzir o impacto gerado pela alta dos combustíveis por período indeterminado”.
GaúchaZH não conseguiu contato com a 99Pop até a publicação desta matéria.