Diante da proporção que está tomando o movimento grevista dos caminhoneiros, o governo decidiu endurecer nesta sexta-feira (25) e autorizou o uso das Forças Armadas para a desobstrução das estradas. O presidente Michel Temer se reuniu com ministros para uma "avaliação de segurança", diante dos protestos de caminhoneiros e do desabastecimento de serviços e produtos essenciais, e fez um pronunciamento no início da tarde sobre o assunto.
Segundo o jornal O Globo, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, determinou a imediata mobilização de todo o efetivo da força para ser empregada da liberação de rodovias. O jornal apurou que na noite de quinta-feira, Villas Bôas discutiu o assunto em videoconferência com todos os sete comandantes militares do Exército — dos comandos militares da Amazônia, Norte, Nordeste, Oeste, Leste, Sudeste e Sul.
A Polícia Federal vai investigar a possibilidade de locaute — participação dos empresários — na paralisação dos caminhoneiros, que entrou nesta sexta no quinto dia, apesar do acordo firmado na noite de quinta-feira (24). Mesmo com a câmara de compensação proposta pelo governo — que manterá, por meio de subvenções bancadas pelo Tesouro, o preço do diesel estável para os distribuidores —, o que se constata nesta sexta é a ampliação dos pontos de retenção das estradas e não a redução do movimento, como esperava o governo federal.
Locaute é caracterizado quando empresários de um setor contribuem, incentivam ou orientam a paralisação de seus empregados. Ou seja, é uma greve liderada pelos patrões, com o intento de obtenção de benefícios para o setor, o que é proibido por lei.
A avaliação do próprio governo é de que o Planalto subestimou a proporção que a mobilização poderia tomar, um erro do sistema de inteligência, que é comandado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Antes de se reunir com Temer nesta sexta, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ponderou que era necessário "dar um tempo" aos caminhoneiros porque o fim das manifestações não seria imediato. Na noite de quinta-feira (24), o Planalto apresentou uma proposta de suspensão do movimento por 15 dias, além de um corte de 10% no preço do óleo diesel nas refinarias por 30 dias.