Seis dias após o início da greve dos caminhoneiros, o governo do Rio Grande do Sul anunciou um plano para liberar rodovias e garantir o transporte de materiais considerados essenciais. Divulgada neste sábado (26), a principal medida consiste na escolta de cargas prioritárias pela Brigada Militar (BM).
Os Batalhões de Operações Especiais e o Comando Rodoviário irão acompanhar o deslocamento de itens como medicamentos, insumos hospitalares, produtos para o tratamento de água, combustível para ambulâncias, viaturas e ônibus do transporte público e ração animal. Em caso de resistência de motoristas, os policiais poderão inclusive assumir a direção dos veículos.
— Se for definida como carga prioritária e houver o consentimento da empresa, poderemos fazer isso. Mas não é a intenção — afirmou o coronel Alexandre Martins, comandante da Defesa Civil do Estado.
Escoltas pontuais ocorreram entre sexta-feira (25) e no sábado. Agora, serão ampliadas.
O anúncio ocorreu depois de uma reunião entre integrantes do gabinete de crise montado no governo estadual na tentativa de minimizar os reflexos da paralisação. Segundo Martins, os materiais avaliados como essenciais pelo grupo receberão um adesivo específico para receber o acompanhamento das forças policiais.
Com o governador José Ivo Sartori em viagem, o vice, José Paulo Cairoli, assumiu a coordenação das atividades. Ele destacou que as escoltas visam o atendimento em hospitais e o abastecimento necessário à população.
— O problema da greve não é de responsabilidade do Rio Grande do Sul, mas nacional. Compete ao Estado o esforço para minimizar as dificuldades da população e garantir o ir e vir das pessoas. A greve é legítima, não estamos apoiando, nem desapoiando — acrescentou Cairoli.
O governo pediu "compreensão" dos manifestantes. Porém, em caso de resistência, o comandante-geral da BM, coronel Mário Ikeda, admitiu o emprego de força:
— Buscaremos o diálogo e o entendimento com o movimento. Caso não seja possível, faremos o uso da força necessária para concretizar as missões.
Em meio à crise, Sartori viajou a Farroupilha para participar da romaria ao Santuário Caravaggio, tradição que segue anualmente desde a infância. Ao todo, 407 municípios gaúchos decretaram situação de calamidade pública.