Como a decisão judicial que proíbe bloqueios no entorno da Refinaria Alberto Pasqualini e o isolamento por militares não evitaram interdições e até ataques a caminhões de combustíveis, a Brigada Militar (BM) promete usar a força caso as medidas sejam novamente desrespeitadas.
— Quando vierem, a ação vai ser mais ostensiva pelo que fizeram ontem (segunda-feira) — afirmou a GaúchaZH nesta terça-feira (29) o coronel Oto Eduardo Amorim, que está à frente do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM).
O comandante se refere aos danos causados a pelo menos cinco caminhões que iriam realizar o abastecimento de combustíveis na refinaria na noite desta segunda-feira (28). Mesmo com escolta, mangueiras e canos dos veículos foram cortados, danificando freios e causando vazamento de óleo pelo chão. Os veículos tiveram de ser guinchados.
Além disso, conforme o coronel, miguelitos (dispositivos perfurantes) foram jogados no chão, furando pneus de viaturas e de carros de moradores também. Uma pessoa foi presa em flagrante suspeita de ter participado do ato. À tarde, outro manifestante já havia sido preso por participar da tentativa de impedir a saída de caminhões-tanque.
— E se um caminhão explode? E se o miguelito causa um acidente? De quem será a responsabilidade? Isso não é mais um movimento digno, é desordeiro — afirmou Amorim.
Na manhã desta terça-feira, conforme ele, a área foi novamente isolada, permitindo a passagem de moradores que precisam se deslocar no sentido Esteio-Porto Alegre. Até as 8h30min, não havia manifestação no local.
Histórico da confusão
A Justiça Estadual concedeu liminar na última quinta-feira (24) proibindo o bloqueio de vias próximas à distribuidora Ipiranga, em Canoas, no entorno da Refinaria Alberto Pasqualini.
Mesmo com a decisão, caminhoneiros e motoristas de aplicativos mantiveram a vigília próximo aos portões da Refap e distribuidoras, que foi iniciada na noite de terça-feira (22), com revezamento para evitar a saída de caminhões carregados com combustíveis.
Segundo Amorim, no sábado (25), ao constatar o desrespeito à decisão judicial, a Brigada Militar conversou com os caminhoneiros e permitiu que a mobilização seguisse de forma "ordeira". No mesmo dia, conforme ele, a medida foi descumprida e houve bloqueio na Refap, levando a BM a isolar o local.
Na manhã desta segunda-feira (28), o Exército ajudou a BM a escoltar caminhões com querosene até o Aeroporto Internacional Salgado Filho. À tarde, houve nova tentativa de bloqueio, levando a uma prisão, e, à noite, a confusão com corte de mangueiras e miguelitos.