Uma pedra molhada foi a causa da queda da arquiteta Renata Soares da Silva, 26 anos, em um costão de Florianópolis no feriado de Carnaval (13), segundo a própria vitima relatou. Com a perna direita enfaixada erguida para cima por conta da fratura no tornozelo, a moradora de Porto Alegre contou na tarde desta quarta-feira (14) que passava o feriadão na casa de amigos que moram na capital catarinense.
No momento do incidente, estava no meio da trilha que liga as praias do Moçambique e do Santinho junto do namorado, Fillipe Domingues. Naquele ponto, dois cachorros estavam presos em uma pedra cerca de três metros abaixo do penhasco. Assim como outros turistas, o casal parou para tentar ajudá-los.
— Eles não tinham como ser resgatados sem auxílio de um bombeiro ou de uma corda, porque não tinha como chegar até eles. Mas ficamos ali, esperando ajuda e tentando cuidá-los. Eu acabei de me distraindo e pisei numa pedra pela qual passava um fio d'água. Eu pisei nessa área molhada, escorreguei e desci a ribanceira pela pedra mesmo até cair na parte de baixo _ conta Renata, sabendo somente depois que a altura da queda foi de quatro metros. — Resvalei por acidente, jamais me arriscaria — ressaltou.
Apaixonada por fotografia, a arquiteta se diz acostumada a trilhas e enquadra esta de Moçambique ao Santinho como "tranquila". Ao ser questionada sobre o que lhe veio à mente na hora da queda, respondeu:
— Só pensei em cair de pé, para não me machucar e não cair mais, porque vi que tinham mais pedras para baixo. Deu certo, cai de pé, mas acabei batendo o pé direito numa pedra e quebrei o tornozelo — acrescenta ela.
Procurando manter a calma apesar da dor e do susto, a arquiteta recebeu carinho dos cachorros enquanto aguardava o resgate, pois eles estavam apenas um metro acima.
— O labrador, quando me viu perto, veio direto em mim. Mas tive que conter ele um pouco, com medo de que viesse na minha direção e caísse. Ainda assim, me lamberam e ficaram contentes — conta Renata, que cuida de um labrador em Porto Alegre.
O resgate
Um trio de guarda-vidas não demorou a chegar para resgatar a gaúcha. Um deles desceu com auxílio de uma corda e prestou os primeiros-socorros a vítima, imobilizando o pé com uma tala.
Depois de se certificar que Renata estava bem e, enquanto aguardava a chegada do helicóptero Arcanjo, o mesmo bombeiro amarrou uma corda nas coleiras dos cães. Com a ajuda de moradores, os outros dois guarda-vidas civis puxaram os animais para a trilha. Conforme o relato de moradores, a dupla não tem um dono, mas vive pela trilha e é cuidada por comerciantes e nativos.
Pouco depois do resgate dos cachorros, Renata foi içada com a ajuda de uma corda. Ela foi levada até a Praia de Moçambique e, de lá, seguiu de ambulância para o Hospital Governador Celso Ramos, localizado no centro de Florianópolis.
— Me impressionei bastante quando vi meu pé quebrado. Mas pensei que tinha que me acalmar, porque sabia que ia demorar. Todo o processo levou umas duas horas até o hospital. Mas é um tempo razoável se pensar no local, no nível de dificuldade. E eles (socorristas) fazem tudo muito bem pensado. Foi um trabalho incrível — elogiou.
Veja o resgate:
A arquiteta recebeu alta ainda na terça-feira e deve voltar com o namorado nesta quarta para a capital gaúcha — mas sem os cães.
— A gente comentou (sobre a possibilidade de adotá-los), mas é complicado. Pegar os cachorros que têm a vida deles, moram na praia, que todo mundo cuida e levar para um apartamento em Porto Alegre? É quase tirar a liberdade deles. Depois do resgate deles, que foi facilitado pelo meu, foram embora bem felizes, faceiros, porque são cachorros livres — finalizou Renata.