Em meados do ano que vem, o Rio Grande do Sul deve finalmente contar com um sistema de radares meteorológicos capaz de monitorar tempestades como a do último domingo, que espalhou estragos pelo Estado.
Nesta quinta-feira (5), representantes do Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema) estarão em Silveira Martins, na Região Central, para confirmar a última decisão técnica sobre a localização de um dos radares. Depois disso, será lançado o edital de licitação para o fornecimento e a instalação dos equipamentos.
Estão previstos sete radares, que estariam em operação por volta de julho ou agosto do ano que vem e que cobririam todo o território gaúcho. Dois deles serão sofisticados Banda C, com abrangência de 240 quilômetros de raio, previstos para São Francisco de Paula, na Serra, e para uma área da Aeronáutica em Silveira Martins.
Cada um deles custa em torno de US$ 2 milhões. Os outros cinco serão mais simples, Banda X, com raio de 100 quilômetros e custo na faixa dos US$ 800 mil. Estarão posicionados em Santa Rosa, Capão da Canoa, Santa Vitória do Palmar, Santana do Livramento e Uruguaiana. O investimento é parte da política estadual de gestão de risco de desastres, com verba extra orçamentária do fundo de recursos hídricos.
Conforme Fernando Meirelles, diretor do departamento de recursos hídricos da Sema, se o sistema já estivesse em operação a resposta ao temporal do fim de semana teria sido mais certeira.
— O evento de domingo estava previsto desde a quinta-feira. No domingo de manhã, fizemos um boletim com modelos mostrando chuva concentrada no Oeste. Mas o evento mudou de comportamento e se intensificou ao longo do dia, já muito perto de Porto Alegre. Se tivéssemos o sistema de radares, conseguiríamos monitorar o avanço e a velocidade em tempo real, e teria sido possível alertar melhor — observa.
No modelo atual, a sala de situação da Sema é alimentada por dados de satélite, por 393 estações de solo para medição de chuva e com informações dos dois únicos radares meteorológicos existentes no Rio Grande do Sul, em Canguçu e Santiago, ambos pertencentes à Aeronáutica. No caso desses dois equipamentos, no entanto, a Sema recebe apenas uma imagem, e não os dados brutos que poderiam alimentar modelos de previsão para curto prazo, permitindo monitorar de perto as tempestades.
No momento, a secretaria está finalizando uma parceria com a Aeronáutica que propiciará o acesso às informações brutas, não só desses dois radares, como também dos localizados em Santa Catarina, o que já deverá aprimorar a capacidade de monitoramento. O sistema ficará completo quando os sete satélites estaduais estiverem em operação.
Os radares emitem sinais eletromagnéticos que, ao deparar com alguma formação, conseguem devolver informações sobre velocidade, deslocamento e quantidade de chuva.
— Com os radares, a gente consegue acompanhar os eventos em tempo real, não é só ver o que passou, como nos modelos que temos hoje — diz Meirelles.