A prefeitura de Janaúba (MG), cidade da tragédia na creche Gente inocente, promete reinaugurar em até 80 dias a unidade de ensino, que deve ganhar o nome da professora Helley de Abreu, morta no incêndio.
O prefeito Carlos Isaildon Mendes (PSDB) afirmou, neste domingo (8), que um grupo de empresários da região vai assumir a reforma.
A professora, que lutou contra o vigilante Damião Soares dos Santos, responsável pelo incêndio, e evitou a morte de mais crianças, também foi homenageada neste domingo com a Ordem Nacional do Mérito, concedida pelo presidente Michel Temer.
No sábado (7), o prefeito esteve reunido com representantes da Polícia Civil, secretários do município, engenheiros e arquitetos de Janaúba e de Montes Claros — principal cidade da região norte de Minas — para discutir o destino da creche.
— Os empresários vão assumir todo o custo da reforma da creche, descaracterizando todo o ambiente que aquelas crianças presenciaram — afirmou.
Os técnicos realizaram medições no imóvel, que foi vistoriado e fotografado para elaboração do projeto de reforma, que deve ser entregue na próxima sexta-feira (13).
— Só saberemos exatamente o que vai ocorrer com o prédio após a entrega do projeto arquitetônico — disse Mendes. — O compromisso da prefeitura com os empresários é entregar limpo e não demolido. A previsão é de que no máximo em 80 dias a creche seja inaugurada no mesmo local.
Segundo o prefeito, a sugestão levantada na reunião é de que a unidade de ensino passe a se chamar "Gente Inocente - Helley de Abreu". A professora de 43 anos é considerada uma "heroína" na cidade.
De acordo com testemunhas, Helley tentava socorrer as crianças em meio ao incêndio quando percebeu que o vigilante estava retornando ao local, com mais combustível e um palito de fósforo nas mãos. Ela tentou impedir o criminoso e os dois chegaram a entrar em luta corporal.
A perícia da Polícia Civil no imóvel deve ser concluída na terça-feira (10), segundo o prefeito. O jornal teve acesso ao interior da creche e constatou o estrago provocado pelo fogo, que atingiu as três salas e o salão principal da unidade. Das hélices dos ventiladores, por exemplo, sobraram apenas um fio de plástico, derretido.
A queda do forro de PVC, que derreteu com o incêndio, teria sido a principal causa das lesões sofridas pelas vítimas do ataque, segundo análise inicial da perícia.
Apesar de ter sido inaugurada há 17 anos, a unidade de ensino, que abrigava até bebês do berçário, não era equipada por extintores nem tinha alvará dos bombeiros.
Todos os cômodos da creche, que tem 200 metros quadrados, foram incinerados. O forro do salão principal praticamente desapareceu, restando apenas partes retorcidas pelo chão.