O retorno da produção na unidade da Marcopolo no bairro Ana Rech deve começar a partir da próxima segunda-feira. A informação foi anunciada na tarde de ontem pelo CEO da empresa, Francisco Gomes Neto. A unidade de plásticos localizada no complexo foi destruída pelo fogo na tarde de domingo. Cerca de 4 mil funcionários de quatro setores foram dispensados na manhã de ontem e só devem começar a ser convocados a partir da próxima semana.
– Temos esta semana para nos reestruturarmos e recomeçarmos a produzir, gradativamente. Em outubro, deveremos estar em pleno funcionamento –informa o CEO.
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A maior fábrica de carrocerias de ônibus da América Latina conta com 6,8 mil funcionários em Caxias do Sul. Desses, 600 trabalhavam na unidade de plásticos que foi atingida. A direção da empresa criou uma comissão, formada por diretores, frentes de trabalho e funcionários, que vai definir as estratégias para a retomada.
– É uma equipe com uma força de vontade impressionante. Eles querem que a situação se resolva o mais breve possível. Temos o senso de urgência, e este otimismo nos anima – destaca o executivo.
As prioridades
Saber quais são os moldes das peças plásticas que precisam ser refeitos é a prioridade da direção da empresa. A unidade produzia, principalmente, os tetos, as partes frontal e traseira dos ônibus.
Em um levantamento prévio, foi constatado que pelos menos cinco moldes de teto estão intactos, segundo ele.A empresa ainda não tem definido em que local e como será retomada a produção. Pode ser no mesmo complexo ou na Ciferal, unidade da Marcopolo no Rio de Janeiro. Tem ainda a possibilidade da contratação de empresas terceirizadas ou buscar apoio das filiais na Colômbia e no México.
Apesar de o ônibus ser composto predominantemente por estrutura em aço e chapas de aço e alumínio, os componentes plásticos são itens relevantes para o acabamento dos produtos. Por isso, a paralisação na sua fabricação pode afetar a produção e montagem do veículo.
Segundo Gomes Neto, no entanto, esta parte da linha (de plásticos) não é difícil de resolver e representa 15% do complexo da unidade de Ana Rech. Alguns moldes, informa, podem ser feitos em um dia.
Impacto no faturamento
No primeiro semestre de 2017, a Marcopolo teve uma receita líquida de R$ 1,295 bilhão. A média mensal girou em torno de R$ 215 milhões. O CEO ainda não sabe dimensionar os prejuízos, mas, tendo como base o faturamento dos meses anteriores, o impacto na receita é inevitável.
Além disso, a despesa com folha de pagamento permanece inalterada, mesmo sem produção. A empresa de Ana Rech produz 18 ônibus por dia. Em agosto, foram fabricados 340 rodoviários e 40 urbanos. A empresa vinha crescendo a cada trimestre. Em agosto, contratou 200 trabalhadores. Outros 160 estão em processo de contratação, que deve ser freado.
Gomes Neto adianta que os contratos e as previsões de entrega de ônibus devem ser renegociados. A empresa tem pedidos garantidos até o final do ano. A construção da unidade, inaugurada em 2010, custou R$ 30 milhões. Atualizado para valores atuais, o custo para reconstruí-lo seria de cerca de R$ 50 milhões, embora a empresa tenha seguro para essa planta fabril.