Depois de um misterioso sumiço de quase cinco meses, o estudante de psicologia Bruno Borges, 25 anos, que reapareceu na última sexta-feira (11), concedeu uma entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, veiculada neste domingo. O "menino do Acre", como ficou conhecido, não informou onde esteve desde que saiu de casa, deixando para trás códigos escritos nas paredes de seu quarto e nas páginas de 14 livros criptografados. Borges disse apenas que tentou "estimular as pessoas a adquirirem conhecimento".
– Eu posso dizer que meu isolamento foi muito pessoal. O que posso dizer é que eu estava isolado, não tive acesso a nada, se não ia quebrar todo o meu objetivo. Porque busquei o isolamento justamente pra não ser atrapalhado pelo coletivo – declarou o estudante.
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Borges diz que não vai passar detalhes de como foi esse processo e nem mesmo confirma se o local onde esteve era no Acre ou em outro Estado.
– Isso pra mim é irrelevante, o que importa é o objetivo. Eu estive em meio a natureza. O local era um ambiente natural com floresta, com árvore. Toda parte do isolamento eu não vou falar – relatou ele ao Fantástico, acrescentando ter planejado tudo com antecedência e estudado o local onde passaria os dias.
Para Bruno Borges, a experiência "deu certo", porque despertou o interesse das pessoas e também serviu para que ele "renascesse":
– Tudo que eu fiz foi com objetivo principal de estimular as pessoas a adquirirem conhecimento. À medida que a gente vê que muitas pessoas buscaram conhecimento através disso, podemos perceber que deu certo. O fato de eu ter me isolado era para buscar uma verdade dentro de mim, que eu estava precisando encontrar. Eu estava precisando me reencontrar, renascer.
Segundo o jovem, o desaparecimento também pretendeu tornar "as pessoas mais ávidas pelo misterioso", porque quem não gosta do misterioso "meio que está morto, está inerte".
Questionado sobre arrependimentos, Borges respondeu que lamenta apenas por não ter avisado seus pais e que imaginou que os familiares saberiam de sua busca "pela verdade da vida" ao encontrarem os códigos.
O jovem negou, ainda, que seu desaparecimento fosse uma estratégia de marketing, como apontou a polícia. Durante seu "isolamento", foi lançado o livro Teoria da Absorção de Conhecimento, de sua autoria.
No final de maio, a Polícia Civil do Acre disse ter encontrado "fortes indícios" de que o desaparecimento do jovem tenha ocorrido para impulsionar a divulgação dos livros. O departamento de inteligência afirmou que, no mesmo dia em que o rapaz desapareceu, um contrato falando de faturamento das obras foi registrado em Rio Branco.