Os diretores do Pronto-Atendimento 24h (Postão 24h), Aline Picolli e Gustavo Londero, que ocupavam as funções de técnico e geral, respectivamente, colocaram seus cargos à disposição na manhã desta sexta-feira. A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde confirma que os médicos entregaram um documento oficial para a titular da pasta, Deysi Piovesan. Ainda segundo a assessoria, foi solicitado aos diretores que permaneçam nos cargos até que substitutos sejam encontrados para ocupar as funções. No entanto, não há prazo para que isso aconteça.
Leia mais:
Cinco remédios deixam de ser distribuídos em Caxias com o fechamento da Farmácia Popular Encaminhamentos de seguro-desemprego reduzem 14% em Caxias no primeiro semestre
Motoristas da Uber e usuários do aplicativo trocam reclamações em Caxias
A secretaria não informa qual seria o motivo do pedido de saída, mas a crise na saúde da cidade e o problemas que estão ocorrendo no Pronto-Atendimento 24h, causados pela superlotação e falta de profissionais, são os principais indícios. No último final de semana, o Postão ficou sem médico pediatra entre a noite de sexta e a manhã de sábado. Segundo a diretora-executiva da Secretaria Municipal da Saúde, Ana Paula Grando Fonseca, o espaço ficou sem esta especialidade porque o médico adoeceu e a equipe não encontrou outro profissional para substitui-lo por ter sido avisada já no fim do dia.
Nesta quinta, motivados por denúncias, membros do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) realizaram uma série de vistorias em instituições de saúde de Caxias do Sul. Durante cerca de seis horas de inspeção, fiscais percorreram unidades básicas de saúde (UBSs), os hospitais Pompéia e Geral e o Pronto-Atendimento 24h. A situação do Postão foi considerada a mais preocupante e uma possível interdição ética, que proibiria a atuação de médicos, incluindo consultas, internações, cirurgias e demais procedimentos, não está descartada.
Procurado pela reportagem, Londero se limitou a dizer que a falta de respostas da administração municipal para os problemas no Postão foi a principal motivação do pedido de saída do cargo de direção. Ele é médico concursado e foi convidado a assumir o cargo de diretor geral na gestão de Daniel Guerra (PRB):
– Tanto eu como a Aline aceitamos esse cargo com a intenção de melhorar a saúde de Caxias, principalmente o fluxo dentro do Postão. Mas vimos que não conseguiríamos fazer mais sem respaldo. Não vimos respostas nem resoluções para os nossos problemas aqui dentro, infelizmente.
Londero afirma que não sabe se permanecerá no cargo até que a Secretaria da Saúde consiga outro profissional para assumir a função. Ele garante que só pensará nisso nos próximos dias. Aline não foi localizada na manhã desta sexta-feira.
Em nota, a secretária da Saúde afirma que outros profissionais já estão sendo analisados para que assumam as funções, mas não adiantou nomes. Sobre as demandas do Postão 24h, que justificaram o pedido de saída dos diretores, Deysi disse que a solicitação mais urgente sempre foi a agilidade na contratação de mais profissionais. Porém, na nota, voltou a afirmar que esse processo no serviço público não é rápido: "Desde que assumi a SMS, a solicitação mais urgente dos diretores do Pronto Atendimento era por mais agilidade na reposição de pessoal no PA. No entanto, sabe-se que no serviço público há um período para a contratação de profissionais, independente da categoria, que pode demorar até 45 dias para que iniciem em suas funções. Este tempo, tendo em vista a urgência dos serviços de saúde, pode tornar-se penoso. Além disso, há incompatibilidade de cargas horárias dos profissionais que saíram (aposentadoria) e dos profissionais que estão sendo repostos. A carga horária dos médicos deste último concurso, por exemplo, é de 12 horas semanais.".