Além das estradas prejudicadas pelo temporal que atingiu a Serra na última semana e de perdas em maquinário e estruturas, agricultores da região tiveram prejuízos em lavouras impactadas pela chuva prolongada e excesso de umidade.
É o caso do alho e da cebola, que deveriam ter começado a ser plantados em maio. Na Serra, o cultivo ocorre nos municípios de Nova Pádua, Flores da Cunha, Antonio Prado, Ipê, Caxias do Sul, São Marcos e Vacaria. Com a chuva excessiva, o solo úmido dificulta a entrada com as máquinas e o plantio manual rende menos.
O agrônomo da Emater Serra Ênio Todeschini explica que o período em que as sementes do alho podem aguardar em câmara fria é de 40 a no máximo 50 dias. Com o atraso no plantio, parte das sementes pode se perder.
O trigo também está com o plantio atrasado; apenas 10% do que deveria ter sido plantado foi semeado até agora. Na Serra, além de Vacaria, a variedade é cultivada na região de Guaporé.
O leite também sofre impacto, já que a pastagem para o rebanho não se desenvolve e prejudica a alimentação dos animais. O excesso de lodo e barro dificulta o manejo do rebanho e estressa o gado.
Em relação ao caqui, a colheita atrasou e uma parte nem será colhida, conforme Todeschini. Além da dificuldade de colher com a chuva, a fruta colhida, se for estocada úmida, estraga.
Em Caxias do Sul, levantamento da Emater aponta que a maior perda nas lavouras foi de cenoura, com 600 toneladas perdidas em 30 hectares. Conforme o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Caxias, Rudimar Menegotto, as cenouras são plantadas nas partes mais altas do município. A cenoura tem o ciclo de até 120 dias no inverno para ser colhida após o plantio. Outras culturas com perdas foram o caqui, o repolho, a alface e a couve-flor.
Conforme a prefeitura de Caxias, 225 propriedades foram atingidas no município e 25 galpões foram danificados pelo temporal. A falta de energia elétrica também provocou perdas na produção que estava armazenada em câmaras frias.