Em vídeos compartilhados nas redes sociais, uma série de artistas está convidando seus seguidores a participarem de evento marcado para domingo (28), no Rio de Janeiro, que pede a saída de Michel Temer da Presidência e a realização de eleições diretas.
Chamado de O Rio pelas Diretas JÁ, o ato acontece a partir das 11h na Orla de Copacabana e é organizado pelos movimentos de esquerda Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular. Entre os artistas engajados estão Wagner Moura, Fábio Assunção, Adriana Esteves, Lázaro Ramos, Letícia Sabatella, Gregório Duvivier, Vladimir Brichta, Emmanuele Araújo, Lucio Mauro Filho e José de Abreu.
Leia mais:
O que pode acontecer com Temer após delação da JBS vir à tona
Três portas de saída ou a agonia a conta-gotas para Temer
Quais são os nomes cotados para substituir Temer na Presidência
– Primeiramente, fora Temer. Segundamente, diretas já – inicia em vídeo o ator e colunista da Folha de S.Paulo Gregório Duviver, acrescentando: – Vamos encher aquilo lá, vai ser lindo, vai ter até show do Caetano. Todo mundo pedindo junto: "Diretas Já". Se a gente empurrar, o Temer cai.
Estão previstas pelos organizadores do evento, além do cantor Caetano Veloso, as apresentações de Mano Brown, Criolo, Maria Gadú, Teresa Cristina, Mart'nália, Mosquito, Cordão da Bola Preta e BNegão.
– Vamos pedir diretas já, pelo direito do brasileiro votar. Nossa crise é uma crise de legitimidade. Não podemos permitir que esse Congresso com mais de 200 deputados investigados eleja nosso próximo presidente– afirma em vídeo o ator Wagner Moura sobre o evento.
– Isso não é um movimento de esquerda, não é um movimento de direita. É um movimento pela democracia. Vamos botar gente na rua, pressionar para que esse Michel Temer saia de onde ele está, onde ele nunca deveria ter chegado, e para que a gente tenha o direito de escolher o próximo presidente do Brasil – completa o ator, que já havia se manifestado, no ano passado, contra o impeachment de Dilma Rousseff.
A organização do evento remete ao movimento das Diretas Já, que, entre 1983 e 1984, levou milhares às ruas para pedir a aprovação de uma emenda que restabeleceria as eleições diretas para presidente do Brasil. Na época, além de políticos, a mobilização contou com a participação de cantores, atores, jogadores de futebol, religiosos, entre outros.
"Mais de 30 anos se passaram desde o histórico movimento das Diretas Já. Não há saída que não seja a democracia", diz, no Facebook, o texto que convida para o evento que ocorrerá no domingo. "Não podemos abrir mão dessa escolha e deixar que a Câmara formada por parlamentares tão corruptos quanto Temer e seus aliados decidam por nós", complementam os organizadores.
Proposta está em análise no Congresso
Duas propostas que preveem a realização de eleição direta para presidente – uma no Senado e outra na Câmara – estão em análise.
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 67/2016, de autoria do senador José Reguffe (sem partido-DF), entrou na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta-feira (24), quando parecer do relator foi lido. Um pedido de vista coletivo - que já estava acordado –, no entanto, suspendeu o avanço da proposta, que pode voltar a ser analisada na semana que vem. O item ainda precisa passar por dois turnos de votação no Senado e na Câmara.
Simultaneamente à discussão no Senado, governistas e oposicionistas travavam embate na CCJ da Câmara sobre a PEC 227/2016, de autoria do deputado Miro Teixeira (REDE-RJ), que também pede eleições diretas se a Presidência ficar vaga até seis meses antes do fim do mandato presidencial.
A oposição apresentou na manhã de quarta-feira (24) um requerimento com assinatura de um terço dos membros da CCJ, o que permitiria convocar uma reunião extraordinária com pauta única para votar a PEC. No entanto, seguindo a orientação do Palácio do Planalto, deputados da base de Temer não aceitaram a convocação.
O presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirmou que não houve obstrução ou impedimento para que a proposta fosse apreciada e que vai aguardar conversas do governo para definir uma possível data para pautar a PEC. Depois de passar pela CCJ, a proposta também necessita de maioria qualificada em dois turnos, tanto na Casa quanto no Senado.
Quarta-feira foi o dia em que a Esplanada sediou um grande evento organizado pelas centrais sindicais e que pedia diretas já. O protesto terminou após confronto entre manifestantes e policiais e depredação de prédios públicos.