Após três dias de paralisação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e no Centro Especializado de Saúde (CES), em Caxias do Sul, a maioria dos médicos que aderiram ao movimento voltou ao trabalho nesta segunda. A estimativa é da prefeitura, que ainda não fez um levantamento exato de quantos profissionais retornaram mesmo aos postinhos no início dessa semana. Na UBS do bairro Esplanada, dos seis médicos que trabalham no local, apenas dois não compareceram ao trabalho, um ginecologista e uma pediatra. De acordo com o coordenador do postinho, Sérgio Gardelin, ambos apresentaram atestado para justificar a falta. O ginecologista desta unidade foi quem recebeu a ligação do prefeito Daniel Guerra (PRB) na semana passada.
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No início da manhã desta segunda, Gardelin remarcava consultas já agendadas com o médico:
– Tenho a informação de que o profissional pediu a redução da jornada de trabalho, de 33h para 20h. Isso, na prática, são 52 consultas a menos por dia. Então, estamos priorizando atendimento de gestantes com o gineco. Outras demandas dessa especialidade serão atendidas pelos clínicos (outros quatro). Por um efeito cascata, as consultas vão demorar mais para serem agendadas e a população precisa ter paciência.
Na UBS Cinquentenário, Maria Elodi Rodrigues, 58 anos, era uma das que aguardava na fila para agendar consulta por volta das 7h30min, antes de o postinho abrir. A aposentada, moradora do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, procura a unidade pelo menos uma vez por semana e lamenta a demora no agendamento de consultas. Ela sofre com pressão alta e diabetes.
– Gosto muito do médico e do atendimento que recebo aqui, mas não está certo ter que esperar tanto para ser atendida. Sei que quem fez a greve estava buscando seus direitos, mas os médicos deveriam pensar nos doentes. A população sofre sem saúde – reclamou Maria Elodi.
A paralisação dos médicos do SUS ocorreu de quarta até sexta-feira da semana passada. Os profissionais que aderiram à paralisação e retornaram ao trabalho hoje, porém, continuarão a atender por cotas, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos. Por dia, quem tem contrato de 20 horas semanais atende 18 pacientes; quem faz 12 horas, atende 11:
– Seguimos com a prática de atender por cota, sem bater cartão.
Durante a manhã, Marlonei se encontra com membros da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores. À tarde, afirma que tentará conversar novamente com o secretário municipal da Saúde, Darcy Ribeiro Pinto Filho. Na última proposta encaminhada à prefeitura, o Sindicato dos Médicos propõe que os profissionais que atuam no regime de 20h passem para 12h semanais, mantendo o atendimento de 18 pacientes por dia. Já os que trabalham 12h por semana teriam os salários aumentados para R$ 5,5 mil (hoje é de R$ 3,5 mil) mesmo valor pago para os que, atualmente, atendem por 20h. Já os de 33h, reduziriam a carga para 20h, mantendo o salário atual, mas atendendo o mesmo número de pacientes que atendiam antes.
Na sexta, após o prefeito afirmar que entraria na Justiça contra o Sindicato dos Médicos, garantindo que a greve era ilegal, os profissionais, via sindicato, ameaçaram pedir exoneração. A prefeitura ainda não confirmou se algum pediu demissão nesta segunda.