O juiz Marcelo Volpato, da Vara do Tribunal do Júri de Florianópolis, aceitou a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e transformou em réu Jeferson Rodrigo de Souza Bueno, 29 anos, motorista do Camaro que atropelou três pessoas, matou uma e feriu gravemente outras duas na madrugada de Réveillon, em Ingleses, em Florianópolis. Volpato manteve na decisão os crimes pelos quais Bueno foi acusado na denúncia ofertada pelo promotor Andrey Cunha Amorim.
Foragido desde o dia 1° de janeiro, Bueno foi denunciado por homicídio doloso triplamente qualificado – com as agravantes de motivo fútil, perigo comum e meio que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima -, três tentativas de homicídio – com as mesmas três qualificadoras – e crime de omissão por fugir do local do crime sem prestar socorro às vítimas.
A denúncia do MPSC foi oferecida na segunda-feira (20). Ao receber a peça, um dia depois, o juiz Marcelo Volpato de Souza manteve ainda o pedido de prisão preventiva contra Bueno pedido pelo MPSC, negando assim recurso da defesa do foragido que pedia a reconsideração da prisão cautelar.
A denúncia se baseia na morte de Cristiane Flores, 31 anos, e tentativa de matar Nilandres Lodi, 36 anos, que teve as duas pernas amputadas, Gean Matos, 22 anos, e Schaiane Keite, 17. Os três primeiros estavam na calçada, no primeiro dia do ano, quando foram atingidos pelo Camaro de Bueno em velocidade acima do permitido no local e antes de o autor dos atropelamentos fugir do local, na SC-403, em Ingleses. Outra vítima, namorada de Gean, sofreu ferimentos leves por estar no interior da Toyota Hilux, que estava estacionada e também foi atingida pelo Camaro de Bueno.
"Para evitar repetições desnecessárias, entendo que as circunstâncias fáticas encontram-se inalteradas desde as decisões e manifestações anteriores, sendo inclusive roboradas pela presente denúncia, concluindo pela necessidade da continuação da medida extrema em desfavor do denunciado máxime porque ainda está foragido", narra o promotor Amorim.
No momento do choque, o Camaro dirigido por Bueno seguia a uma velocidade entre 80 km/h e 90 km/h, em uma via onde o máximo permitido é 60 km/h, de acordo com o laudo Instituto Geral de Perícias (IGP). O inquérito descarta a possibilidade de racha entre o motorista do Camaro e outro homem que guaiava um Audi, que segundo o laudo estaria a 55km/h pouco antes do acidente.
"No dia 1º de janeiro de 2017, por volta das 04h27min, Ingleses, nesta Capital, quando voltava dos festejos do ano novo, conduzindo seu veículo Chevrolet Camaro, placas OYS-7369, em alta velocidade e de forma perigosa, imprimindo forte e rápida aceleração em movimentada via pública, inclusive com trânsito de vários pedestres e, portanto, assumindo o risco da produção de qualquer resultado lesivo, o denunciado matou a vítima Cristine Flores Gonçalves e tentou matar as vítimas Gean Carlos de Matos, Nilandres Lodi e Schaiane Sottele Keite", expõe a denúncia.
Polícias de SC e RS seguem sem pistas de motorista do Camaro
Mais de dois meses depois do acidente que matou Cristiane Flores e feriu gravemente Nilandres Lodi e Gean Matos, na madrugada de Réveillon em Ingleses, em Florianópolis, as polícias de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul seguem sem pistas do paradeiro do gaúcho Jeferson Rodrigo de Souza Bueno, 29 anos.
Além de policiais catarinenses e gaúchos, a polícia do Paraná também auxilia nas buscas a Bueno, que conduzia um Camaro quando dos atropelamentos. O mandado de prisão preventiva contra o acusado está cadastrado no banco de dados nacional. Se ele for abordado em qualquer lugar do país o mandado será cumprido.
Outro lado
O advogado Ademir Costa Campana, que defende Bueno, não tinha conhecimento do oferecimento da denúncia. Afirmou não ter sido notificado. Disse que vai analisar os termos da peça e depois se pronunciar com mais propriedade. Como em outras ocasiões, Campana alega que a culpa pela perda do controle do Camaro é do motorista do Audi, que teria colidido lateralmente no veículo, causando o acidente. O jovem foi ouvido pelas autoridades catarinense, mas não foi indiciado. Campana não soube dizer se Bueno pretende se entregar à Justiça.