As três principais cooperativas vinícolas da Serra já receberam praticamente a metade da colheita da uva deste ano e a safra está superando as expectativas do setor em termos de quantidade. A capacidade de processamento está no limite, resultando em fila de espera para agendamentos de entrega da matéria prima de vinhos e derivados ou até mesmo na ampliação de horários para recebimento da fruta. A previsão inicial do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) de colher 600 milhões de quilos de uva no Estado já está mais próxima dos 700 milhões conforme o presidente do Ibravin, Dirceu Scottá. As informações são da Gaúcha Serra.
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A maior cooperativa da Serra, a Aurora, de Bento Gonçalves, não chegou a estender o horário para receber a uva e tem lista de espera. São cerca de 1.100 associados e a capacidade de processamento de até 70 milhões de quilos de uva por safra. A capacidade diária é de trabalhar com 2,5 milhões de quilos.
– Já chegamos a esse limite na última semana e temos a mesma expectativa para os próximos dias – apontou o enólogo-chefe da Aurora, Flávio Ângelo Zílio.
A vinícola de Bento Gonçalves já recebeu 30 milhões de quilos de uva neste ano. A maioria dos produtores são de Bento, Farroupilha, Pinto Bandeira, Monte Belo do Sul e municípios do entorno.
A cooperativa Nova Aliança, com sede em Flores da Cunha, atende mais os municípios de Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Pádua, Nova Roma do Sul e das proximidades, e tem uma colheita mais tardia. Com 16 milhões de quilos já colhidos, Alceu Dalle Molle, presidente da Aliança, diz que a expectativa é superar os 45 milhões, superando a safra de 2015.
– Ainda não chegamos ao problema de agendamento, porque nossa região é um pouco mais tardia, mas é só uma questão de tempo para ter dificuldades – prevê Dalle Molle.
Flores da Cunha é o maior produtor de uvas de mesa do país e a vinícola tem atendido em três turnos, das 9h até a madrugada. A cooperativa também está recebendo uva aos finais de semana, não só pelo aumento da demanda, mas como uma garantia de melhor qualidade, evitando que os produtores que colhem aos finais de semana armazenem a uva até a segunda-feira.
O presidente da Cooperativa Garibaldi, Oscar Ló, diz que o horário de recebimento da safra foi ampliado em uma hora durante a semana e a vinícola também passou a atender os produtores aos sábados. A Garibaldi tem 375 famílias associadas e capacidade de processar 22 milhões de quilos de uva. A metade da safra já foi recebida. No pique da colheita, chega a processar 600 mil quilos por dia.
– Temos previsão de chegar ao limite da nossa capacidade nesta semana – destaca o presidente.
Oscar Ló, que também é vice presidente do Ibravin e presidente da Fecovinho, diz que o principal motivo para a movimentação recorde nas vinícolas neste ano é a produção maior de algumas variedades de uva que são muito representativas no total de áreas plantadas na Serra.
– A uva está rendendo mais do que se imaginava, principalmente nas variedades para vinhos de mesa e sucos de uva, como a Isabel e a Bordô – destaca Ló.
Os dois tipos de uva juntas chegam a representar 80% do que é colhido na região. Das variedades utilizadas na fabricação de vinhos finos, as mais comuns na região, como a Chardonnay e Moscato, já foram colhidas ou estão sendo entregues agora. O "grosso" da colheita das variedades tintas se dá a partir desta quinzena. Algumas são mais tardias, caso do Cabernet Sauvignon.