Confesso que minha decisão era não escrever sobre o ato de racismo que sofri na quarta-feira passada, mas mudei de ideia depois de conversar aqui em casa e ouvir uma pergunta que me colocou para pensar: "de que adianta?".
Infelizmente, em nosso Estado, não temos ninguém cumprindo pena por racismo. Boa parte dos crimes de racismo são registrados em outros artigos penais, às vezes, por desconhecimento das vítimas.
Em outras, por decisão de escrivães e delegados e até mesmo porque membros do Judiciário não aceitam a denúncia como racismo. Se o caso é muito escancarado, vira injúria racial, um crime que se paga com cestas básicas e serviço comunitário. Denunciar o RACISMO é lutar contra uma doença que todos sabem que existe, mas que, na hora de tratar, fingem que é outra coisa.
O Brasil tem medo de descobrir que trata os negros mal. Esse medo impede todos de fazerem o que devem na hora de denunciar. Eu mesmo, quando sofri o ato racista, fiquei em dúvida, mas os amigos físicos e da internet me deram suporte e coragem para me expor e dizer que não ia aceitar
Obrigação
Negros ou brancos, temos que mostrar que, por mais que se esconda atrás de brincadeiras, cabeça quente, perfis falsos ou qualquer outra cortina de fumaça onde o racismo se esconde, vamos pra cima dele.
É por isso que vale a pena denunciar. Independentemente de ir adiante ou não a denúncia, devemos entrar nas delegacias e dizer que queremos enquadrar no artigo 20 parágrafo 2 da lei 7.716. Só ela define o que é racismo, senão, o crime real passa batido.
Denunciar é fazer nossa parte por um país menos racista.
A denúncia vai fazer o racista pensar duas vezes. Denunciando protegemos nossos filhos e amigos mais frágeis. Se racismo é crime, denunciar é mais do que um direito, é uma obrigação.