Foram os gritos da vizinhança que evitaram uma tragédia na família da cuidadora de idosos Vera Suzana Ferreira da Costa, 58 anos, em plena noite de Natal.
Por volta das 23h 30min do dia 25, a moradora da Rua José Costa Carvalho, Bairro Santa Cecília, em Viamão, foi surpreendida pela queda de parte de uma paineira de mais de 50 anos sobre o telhado da moradia. O carro da família, um Fusca 1976, também foi atingido. Os galhos atravessados pelo forro da sala e o alagamento da casa foram resultado de um temporal que atingiu a cidade naquela noite.
– Meu genro recém havia chegado com as crianças e colocado o carro na garagem. Eu já estava deitada. O susto foi grande – relembra.
A cuidadora conta que, no momento da queda, estava no quarto. Já a filha, o genro e os netos estavam na casa que fica nos fundos do terreno. Por sorte, a sala atingida pela árvore passava por reforma e estava vazia. Ninguém ficou ferido.
Prejuízos
Vera agora contabiliza os prejuízos. Além do carro, as telhas e o forro da sala, corredor, parte da cozinha e a área de serviço foram destruídos. As tomadas de quatro cômodos não podem ser utilizadas e a maioria das lâmpadas está danificada pelo contato com a água.
Segundo ela, a prefeitura informou que, por tratar-se de um desastre natural, não poderá ressarci-la.
– Vou entrar na Justiça. Enquanto isso, vou juntar dinheiro e, aos poucos, reerguer o telhado – garante a moradora.
Duas semanas após o episódio, o cenário continua praticamente o mesmo. Desde o dia do acidente, Vera recorreu ao Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e prefeitura, mas ainda não conseguiu a retirada da árvore.
No dia 26 de dezembro, os bombeiros estiveram no local, mas apenas fizeram a poda de alguns galhos. No dia 5 de janeiro, outra equipe retirou mais galhos, limpou o telhado e colocou uma lona fornecida pela Defesa Civil. A árvore, no entanto, não foi retirada porque não havia o caminhão Munk.
– Agora, só com máquina – disse o bombeiro civil Carlos Cardoso.
Nativa
A prefeitura tem o caminhão, mas informou à moradora estar utilizando o veículo para atender moradores da Vila Augusta, atingidos pelo temporal do dia 3 de janeiro, que teriam casos mais urgentes do que o dela.
Vera mora há 52 anos no endereço, e diz que a árvore nunca representou perigo. Ela conta que, há dois anos, pediu a poda à prefeitura, mas foi informada de que não poderia ser feita, pois se tratava de uma árvore nativa.
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Remoção é prioridade
A prefeitura de Viamão informou que o caminhão Munk esteve em manutenção, mas já está disponível. Os dias de chuva impediram a realização do serviço, por segurança. O caminhão é pesado, e a rua íngreme, o que impede o acesso do veículo ao local. O pedido está listado como prioridade e deve ser atendido assim que a rua estiver seca, se possível ainda nesta semana.
Em relação aos prejuízos, a orientação é que Vera abra um protocolo no serviço de atendimento ao cidadão, para avaliação do caso.