Há uma piada de jornalista que circula bastante nesta época do ano. Trata-se, em geral, de um meme – sobre a foto de um sujeito nitidamente estressado, aparece o texto: "Se está difícil para você, imagine para quem está editando a retrospectiva".
Nunca foi tão verdadeira.
Fechamos esta retrospectiva com a incômoda sensação de que algo pode ocorrer entre a revisão final e o momento em que você estiver lendo. Porque 2016 não para de nos surpreender, de alterar rotinas, de forçar a mudança de planos. E, quando a gente pensa que está acabando, surge uma notícia inescapável.
Relembrem o que aconteceu apenas nos últimos dias de dezembro: um atentado terrorista matou 12 pessoas em uma feira natalina de Berlim; a Assembleia Legislativa aprovou a extinção de fundações do Estado e rejeitou a PEC dos Poderes proposta pelo governador José Ivo Sartori; o presidente Michel Temer lançou um pacote de Natal para trabalhadores e classe média; um avião militar russo que iria para a Síria caiu no Mar Negro, matando 92 pessoas; o cantor e compositor George Michael morreu em sua casa, em Londres; com apenas um dia de diferença, morreram as atrizes Carrie Fisher e Debbie Reynolds, sua mãe. Até nevou no Saara, em um fenômeno que o deserto africano não registrava desde 1979.
Diante da avalanche de fatos que desabaram sobre 2016 desde seu início, a primeira medida para nos dar alguma segurança foi aumentar o número de páginas do caderno DOC – são 32 nesta edição. Uma tentativa de garantir espaço para os assuntos, sejam no cenário mundial, nacional, estadual ou municipal, sejam na esfera do esporte, da cultura, da tecnologia ou do comportamento.
O segundo passo foi entender que nenhum balanço é definitivo – sobretudo em um ano tão denso, complexo, avesso a ser encarado por um único ponto de vista. É preciso ir além do recordatório – é preciso interpretar, explicar, projetar, provocar. Por isso, convocamos alguns destaques do time de colunistas e especialistas de Zero Hora para escrever sobre os grandes temas que marcaram 2016 e que avançarão sobre 2017, este ano que terá um enorme desafio se quiser ser tão impactante quanto o que o antecedeu. Os textos, reunidos no especial que pode ser acessado clicando na imagem abaixo, oferecem análises, por vezes visões contraditórias, juntam pontas e estabelecem conexões, nos convidam a mergulhar no passado recente e a olhar para frente – o que ficará deste ano para o mundo, para o país, para o Estado, para você?