Dos oito mandados cumpridos na Operação Azov, que pretende frustrar a ação de um movimento neonazista no estado, dois foram em Caxias do Sul. De acordo com a Polícia Civil, a cidade recebeu reuniões para recrutamento e planejamento de ataques. Dois homens prestam depoimento na manhã desta quinta-feira e devem ser liberados. Eles tiveram equipamentos de informática apreendidos.
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De acordo com o delegado Paulo Cesar Jardim, especialista neste tipo de movimento ideológico, a investigação iniciou há 10 meses quando um integrante italiano do chamado Misanthropic Division (grupo nacional socialista internacional e que já tem facção no Brasil) esteve em várias cidades do Estado recrutando jovens para lutar na guerra civil da Ucrânia.
– O que a gente conseguiu é o sonho de todos que trabalham com segurança pública, que é evitar um crime. Não temos provas que algo iria acontecer, mas quando o leite começa a borbulhar tu imaginas que daqui a pouco irá ferver. Como o Judiciário definiu, esta foi uma ação cautelatória – exalta.
A operação foi realizada em Cruz Alta, Caxias do Sul, Passo Fundo, Erechim, São Nicolau, Viamão e Canoas. A polícia apreendeu documentos, computadores, grande quantidade de material de propaganda ideológica e 47 estojos de munição 9mm.
O delegado Jardim ressalta que este tipo de investigação é complicada e contínua, por isso prefere não detalhar os resultados. Porém, foram coletadas fotos dos investigados em diversos pontos turísticos de Caxias do Sul.
– Há várias cidades investigadas e Caxias está dentro da normalidade do que conhecemos historicamente. Não diria que é a mais importante (na propagação da ideologia neonazista). Há outras cidades pequenas da Serra que também possuem algumas ramificações – resume.
Recrutamento
Segundo a investigação, um italiano, integrante do chamado Misanthropic Division, que inclusive atacou em janeiro deste ano por duas vezes um espaço cultural em São Paulo, esteve por dez meses no Rio Grande do Sul cooptando gaúchos para lutar junto ao chamado "Batalhão Azov" no leste europeu. A polícia confirmou que um porto-alegrense foi para a Ucrânia e investiga a ida de pelo menos outro cinco. Além da ideologia nacional socialista e racista, foram oferecidos dinheiro e treinamento militar aos recrutados.