Às vezes, fazemos coisas imbecis. Nem sempre podemos evitar, mas podemos evitar continuar sendo imbecis. Digo isso porque, há alguns anos, fui extremamente imbecil. Com meu 1,92m de altura, fui a uma praia aqui do nosso Litoral Norte e, de repente, vi uma anã de biquíni, arrumando a canga na areia. Aquele corpo pequeno se movendo de um lado para o outro virou a atração do dia. Em pouco tempo, vi que que a praia inteira dava risada. Quando me dei conta, eu era um dos que estavam rindo. Imbecil, eu sei, mas é verdade.
Há pouco tempo, fui convidado para palestrar em um evento sobre o nanismo e conheci pessoas que me fizeram sentir vergonha de mim mesmo. Contaram como é humilhante ter todos rindo só por conta de sua deficiência, como é ruim entrar no ônibus e ser apontada como aberração, tentar ir ao banheiro e ter que virar a lixeira para alcançar o vaso. De como é ruim ir ao caixa eletrônico e ter que pedir que alguém o levante ou passar a senha e arriscar ser roubado. De ter crianças na saída da escola jogando pedra, de ir visitar a mãe em estado terminal na UTI de um hospital e, na volta, ao entrar em uma lanchonete, ser cercada por jovens que a levantam para tirar foto como se fosse um animal exótico.
De como é passar quatro meses sem sair de casa e, quando sair, rezar para que não encontre pessoas imbecis nas ruas. Só que encontram, porque os imbecis como eu estão em todos os lugares.
Campanha
Depois de ouvir tudo isso, entendi que, se houve alguém pequeno na cena da praia, fui eu, porque a pessoa com nanismo foi uma gigante. Enfrentou o mundo e a imbecilidade dele.
Por isso, resolvi aderir à campanha #meuamigogigante, na qual pessoas postam fotos com amigos anões mostrando que são pessoas fantásticas. Quanto à moça da praia, não sei quem era, mas se estiver lendo, me perdoe pela imbecilidade.