Se não tivesse que pagar uma conta que gira em torno de R$ 1,8 milhão anuais com o vandalismo, Porto Alegre poderia contar com quase duas creches novas a cada ano. A comparação demonstra o tamanho da despesa com a qual a administração municipal precisa arcar quando equipamentos como contêineres da coleta de lixo automatizada são depredados, placas de sinalização de trânsito são pichadas ou furtadas e monumentos históricos sofrem danos em praças e parques da cidade.
De acordo com o gerente de mobiliário e sinalização da EPTC, Abaeté Torres da Silva, as placas de sinalização estão entre os equipamentos mais vandalizados na cidade. Os alvos principais estão no entorno de escolas e nos bairros onde há vida noturna, como Cidade Baixa, Bom Fim e Menino Deus. Ele explica que, todos os meses, são produzidas 2 mil placas – 30% delas, destinadas a substituir aquelas vandalizadas. E, a cada dez placas danificadas, três ficam inutilizadas completamente.
– As placas mais vandalizadas são as de proibições. E as placas de Pare são as mais furtadas – comenta Abaeté.
Elevadores
Os principais gastos na EPTC são com consertos em elevadores e em terminais de ônibus. No caso do primeiro, os danos mais comuns são aos painéis, botões e às lâmpadas, que são furtados. Já nos terminais, a pichação é o principal problema. O mais prejudicado, conforme Abaeté, é o Terminal Triângulo, na Zona Norte.
Já os semáforos são atingidos com frequência por disparos de arma de fogo, principalmente, nas áreas conflagradas e nas zona rurais. A fim de dificultar o acesso de criminosos aos semáforos, há três anos, a EPTC aumentou a altura dos equipamentos e reforçou a afixação.
– O que se gasta com manutenção poderíamos atender outros projetos, pensando na segurança dos pedestres, por exemplo – destaca Abaeté.
Só com o conserto de elevadores, escadas rolantes e abrigos vandalizados, a despesa neste ano já ultrapassa R$ 221 mil. Com placas e suportes, o prejuízo passa de R$ 106 mil. Para arrumar cabos e semáforos, a conta é de R$ 2,2 mil.
Prejuízo para repor contêineres
Sob a responsabilidade do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), os contêineres da coleta automatizada de lixo são os alvos mais frequentes, principalmente após protestos e manifestações realizados na cidade.
Neste ano, o gasto com a manutenção de 300 contêineres (ao todo, há 2,4 mil unidades espalhadas pela cidade), por atos de vandalismo, soma em torno de R$ 80 mil. Também há registro de depredação entre os 39 sanitários públicos espalhados pela cidade – apesar de contarem com servidores do DMLU atuando no local. Esse tipo de ação custa cerca de R$ 40 mil aos cofres do departamento.
Neste ano, pelo menos 170 lixeiras distribuídas pela cidade tiveram de ser substituídas por conta de quebra, furto e amassamento, uma conta que custa cerca de R$ 37 mil. A região central da Capital é a mais atingida por este tipo de ação.
– Isso é um câncer, vem da educação do povo que precisa ser levada a sério no país – diz o diretor-geral do DMLU, Gustavo Fontana.
R$ 300 mil em monumentos
A Secretaria Municipal da Cultura estima um gasto de R$ 300 mil anual para recuperar monumentos históricos que são alvo de pichação e furto de peças.
Em relação aos ônibus, a Carris soma um prejuízo de R$ 18.698,33 desde janeiro até setembro deste ano, gastos com conserto dos ônibus e peças para reposição. No período, 124 ônibus sofreram vandalismo.
De acordo com a Divisão de Conservação e Manutenção da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), responsável pela manutenção de praças e parques, de janeiro a agosto deste ano, a divisão recebeu cerca de R$ 1,2 milhão em materiais destinados à manutenção das áreas verdes de Porto Alegre. Não há, porém, a especificação de quanto foi gasto em consequência de vandalismo, mas a estimativa de que seja em torno de 85%. Os outros 15% seria pelo desgaste em razão da ação do tempo e uso.