Oito dias depois de Wantuir Jacini renunciar à Secretaria da Segurança Pública (SSP), o atual prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, foi anunciado como novo titular da pasta. Em pronunciamento na tarde desta sexta-feira, no Salão Alberto Pasqualini do Palácio Piratini, o governador José Ivo Sartori explicou as razões que o levaram a escolher seu correligionário para a "missão":
– Tenho confiança de que Cezar Schirmer já enfrentou grandes desafios na sua vida. Tem bom senso, tem equilíbrio, tem competência – disse Sartori, completando: – Schirmer é a pessoa certa no momento certo. Ele foi talhado pra isso.
No currículo, Schirmer tem experiência como secretário da Agricultura (no governo Antônio Britto), da Casa Civil e da Fazenda (na gestão de Pedro Simon), mas nenhuma na Segurança. Questionado a respeito disso, admitiu que não é especialista na área.
– Sou do tipo político. Procuro me cercar de técnicos, é isso que vou fazer.
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O novo secretário afirmou que, até as 10h, seu foco era Santa Maria e que não é fácil mudar o foco de uma hora para outra. Mais de uma vez, disse que seguiu o conselho das próprias filhas.
– Elas me disseram que eu não poderia ser frouxo neste momento em que o Estado precisa de mim – afirmou ele.
Prefeito de Santa Maria em dois mandatos, teve a trajetória marcada pelo incêndio da boate Kiss, em janeiro de 2013, logo depois de reeleger-se. Schirmer chegou a ser indiciado pela polícia por improbidade administrativa, mas não chegou a ser denunciado pelo caso. Foi isso que Sartori alegou, ao ser questionado sobre o impacto da tragédia na nomeação:
– Não há nada contra ele. Schirmer é um homem reto.
O agora secretário citou os "momentos dolorosíssimos" vividos após o incêndio que matou 242 pessoas. Mas fez um pedido direcionado à imprensa presente no anúncio e à população gaúcha:
– Me deem um voto de confiança. Confiem em mim.
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O peemedebista assume a Secretaria da Segurança Pública em meio a uma profunda crise na área, à qual ele mesmo chamou, mais de 10 vezes, de uma "guerra" que o Estado vem perdendo. Chegou a dizer que os índices de criminalidade do "Rio Grande não são tão grandes quanto os do resto do país" e que é preciso "trabalhar para não alcançá-los". No entanto, proporcionalmente à população, mata-se quatro vezes mais na capital gaúcha do que em São Paulo e o dobro do que no Rio de Janeiro.
Para superar a insegurança no RS, Schirmer disse que não vai recorrer a "tradicionais soluções" de bater na porta da Secretaria da Fazenda e pedir dinheiro. Em meio à sua fala, recheada de analogias, citou uma expressão chinesa com a qual se identifica: "É na escassez que se revela um gênio".
No entanto, não foi objetivo ao dizer o que pretende fazer para contornar as dificuldades financeiras e de onde pretende tirar a verba necessária para implementar as medidas anunciadas nos últimos dias pelo Gabinete de Crise, como convocar policiais militares aposentados, aumentando a gratificação paga atualmente, retomar pagamento de abono permanência para que PMs em exercício não se apontem, além da antecipação do chamamento de 770 policiais militares e 220 agentes da Polícia Civil.
– Precisamos construir parcerias, agir com criatividade e imaginação – limitou-se a dizer o novo secretário.
Schirmer deve passar o próximo final de semana em Porto Alegre, quando pretende estudar a situação da segurança para atender à missão que lhe foi dada. Ainda nesta sexta, depois do anúncio oficial, ele se reuniu com o Gabinete de Crise. Uma nova coletiva de imprensa está marcada para a manhã da próxima segunda-feira, no Palácio Piratini. Em seguida, voltará a Santa Maria para fazer a transição de governo. A expectativa é de que renuncie ao cargo de prefeito depois do feriado de 7 de setembro, para então assumir definitivamente a secretaria estadual.
Veja como foi a coletiva de imprensa:
Com informações da Rádio Gaúcha.