O barzinho na Rua Luiz Domingos Ramos, na Vila Santa Rosa, Bairro Rubem Berta, vendia cerveja gelada e, na televisão, passava o jogo do Inter na tarde de domingo. Era intervalo do jogo quando um grupo de amigos desceu ali para comprar algumas latinhas. Um deles, ao encontrar Márcio Penna Silveira, 37 anos, seu cunhado, convidou:
– Vamos com a gente. Assiste o jogo lá em casa.
Márcio, colorado convicto, respondeu de pronto:
– Nem pensar. Vocês estão todos de camisa do Grêmio. Não dá para ver jogo com gremista.
Ficou no bar e, cinco minutos depois, junto com duas outras vítimas, acabou alvo de atiradores que invadiram o local. Não imaginava estar no lugar errado e na hora errada, algo cada vez mais difícil de saber na Capital.
– Hoje em dia é isso, eles chegam, atiram e não querem nem saber quem está na frente. Se é inocente, morre também. Por isso eu nem me reúno mais com a turma em bar _ desabafa um morador da vila.
Só piora
Só no final de semana, foram dois ataques a bares do Bairro Rubem Berta com vítimas que nada tinham a ver com a criminalidade. Os últimos dias de julho mostraram que o cenário caótico da Capital no primeiro semestre só piora. Entre os pelo menos 114 assassinatos registrados em julho na Região Metropolitana, 63 foram em Porto Alegre. Significa que 55,2% dos crimes aconteceram na Capital.
ASSASSINATOS EM PORTO ALEGRE*:
1º semestre:
2015 – 303 mortes (37,5% do total da Região Metropolitana)
2016 – 407 mortes (48,8% do total da Região Metropolitana)
Julho:
2015 – 38 mortes (45,2% do total da Região Metropolitana)
2016 – 63 mortes (55,2% do total da Região Metropolitana)
(*) Números de homicídios e latrocínios
Violência sem controle
Em julho, ritmo de assassinatos acelerou ainda mais em Porto Alegre
Se o primeiro semestre foi caótico na Capital, julho mostrou que a tendência é de piora. Foram mortas 63 pessoas na cidade, mais da metade de toda a Região Metropolitana
Diário Gaúcho
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