Um policial civil foi preso, na madrugada desta quinta-feira, suspeito de receptação de 24 dos 110 netbooks furtados da Escola Estadual de Ensino Fundamental Aurélio Reis, na zona norte de Porto Alegre. A detenção se deu um dia após o crime, que deixou um prejuízo estimado em R$ 72 mil somente em equipamentos.
O agente foi preso em flagrante com os computadores dentro de uma viatura, estacionada na sua residência. O nome dele não foi divulgado, sob a alegação de que a investigação ainda está em andamento. Responsável por dar seguimento à apuração do furto, Alexandre Vieira diz apenas que o agente suspeito trabalha no setor de investigações da 18ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre.
– É uma situação inusitada pra nós, de certa forma constrangedora, embaraçosa. Mas temos que ter cautela e saber se efetivamente o policial agiu com desídia ou com má-fé – afirmou Vieira.
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A polícia chegou ao agente e aos aparelhos graças a uma denúncia anônima, após divulgação do caso e do telefone da delegacia pela imprensa. Na ligação, feita por volta da meia-noite, uma pessoa informou que havia netbooks próximo à Avenida Sertório, em uma empresa de segurança – da qual o policial detido é sócio. Uma equipe de policiais foi até o local logo em seguida, mas não encontrou os equipamentos.
Um vigia, funcionário da empresa, informou que viu três suspeitos na rua e passou a persegui-los. Um deles acabou deixando para trás uma sacola, pouco antes de pular um muro em direção à Sertório junto dos demais supostos comparsas. Ao abrir a sacola, ele disse que deparou com os netbooks da escola e entregou o conteúdo para seu chefe – o policial civil.
Ao chegar na casa do agente, a equipe de plantão localizou os 24 computadores. O policial confirmou que recebeu os equipamentos e que, diante do horário (seria próximo das 21h), resolveu guardá-los, para registrar a ocorrência na manhã seguinte. A versão dada pelo agente não foi aceita pelos investigadores e ele acabou preso em flagrante por receptação.
Como os netbooks são produtos que pertencem ao poder público, o crime torna-se qualificado. Assim, é inafiançável (por isso, o policial segue detido) e a pena dobra para de dois a oito anos de prisão.
– Me sinto constrangido como policial. O correto seria localizar a delegacia mais próxima e entregar o material. Mas não cabe a mim avaliar isso – limitou-se a dizer o delegado da 9ª DP.
A missão de apurar a conduta do policial é da Corregedoria da Polícia. A Vieira, cabe descobrir quem são os três criminosos que invadiram a escola e chegar ao destino dos demais netbooks furtados.
– Já temos um norte, uma testemunha (o vigia da empresa de segurança) que teve contato com os três suspeitos e os testemunhos de outros vizinhos. Vamos confrontar os relatos para chegar a eles. Além disso, temos informações de que os computadores foram para uma vila próxima da escola – afirma o delegado.
– Nosso objetivo é devolver o quanto antes todos os netbooks para os alunos, que devem estar sentindo falta – completou ele.
Na noite de quinta-feira, a polícia localizou mais cinco netbooks e um projetor em um depósito de lixo na Vila Dique, na zona norte de Porto Alegre.
Furto dos computadores
O arrombamento ocorreu entre meia-noite e 2h de terça para quarta-feira. O que mais chamou a atenção da polícia foi que os bandidos entraram pela porta principal, passaram pela direção e foram direto à sala onde estava o material, conforme o delegado Alexandre Vieira, da 9ª Delegacia de Polícia da Capital. Há pelo menos três suspeitos de terem realizado do furto.
Os computadores portáteis são utilizados como "segundo caderno" pelos estudantes. Neles estão salvos trabalhos, notas e pesquisas. A maioria dos netbooks utilizados pelos 249 alunos da escola fica dentro de uma sala, onde cada um retira seu equipamento com um professor responsável. Quando necessário, os estudantes podem levá-los para casa, mas a orientação é deixá-los na escola – ironicamente, por questão de segurança. Além desses equipamentos, um projetor foi levado pelos bandidos.