Milhares de pessoas ocupam a avenida Paulista, nesta sexta-feira, em ato a favor da presidente afastada Dilma Rousseff e contra o presidente interino, Michel Temer. A manifestação contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em discurso, Lula se emocionou em diversos momentos ao rebater críticas ao PT, reclamou de vazamentos seletivos de denúncias e indicou que poderá voltar a se candidatar em 2018.
– Não perdoo a atitude de vazamento ilícito de conversas minhas no telefone, como foi feito há um tempo atras. Aquilo teve como objetivo execrar a minha imagem para eu não ser candidato. Quanto mais me provocarem, mais corro o risco de ser candidato a presidente em 2018 – declarou.
O ex-presidente chegou a embargar a voz quando falou sobre as denúncias de corrupção e acusações a que ele e petistas têm sofrido.
– Cada petista deste país deveria abrir um processo contra quem diz que o PT é uma organização criminosa. Estou de saco cheio de quem fala que o PT recebe dinheiro sujo. Só falta dizer que o dinheiro do PSDB é da sacristia. Quero que uma pessoa aponte um real de desvio em minha vida pública – afirmou.
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– Quero que tenham por mim e pela minha família o respeito que tenho por eles. Se acham que vão me amedrontar com ameaça, eu digo: quem não teve medo de morrer de fome em Guaranhuns, não tem medo de ameaça – completou.
O ato foi organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, formadas por organizações ligadas aos movimentos sociais de esquerda. Os organizadores e a Polícia Militar ainda não divulgaram uma estimativa de público, mas as pessoas se concentraram no trecho da avenida que vai da Alameda Ministro Rocha Azevedo até a Rua Professor Otávio Mendes, próximo ao Masp.
A avenida foi bloqueada nos dois sentidos. As pessoas que participaram do ato vestiam, predominantemente, camisas vermelhas e exibem cartazes com frases como "Volta Dilma" e "Vaza Temer". Além disso, entoaram gritos como "não tem arrego, ou sai o Temer ou não vai ter sossego".
Este foi o primeiro ato público de Lula em São Paulo desde que Dilma Rousseff foi afastada pelo Senado. Na terça-feira, ele esteve no Rio de Janeiro e disse que espera o retorno de Dilma ao cargo, para "corrigir os erros que cometeu".
Pela manhã, o ex-presidente se reuniu por cerca de uma hora e meia com Dilma, na sede do Instituto Lula, na capital paulista. Ela deixou o local por volta de meio-dia e seguiu para Brasília.
*Estadão Conteúdo