Puxada pelo comércio e pela indústria, a economia de Caxias do Sul voltou a respirar em maio, conforme levantamento divulgado pela Câmara de Indústria Comércio e Serviços (CIC) da cidade nesta quinta-feira. Após queda de 5,4% em abril, o índice subiu 1,9% no mês seguinte. No acumulado dos últimos 12 meses, porém, a variação negativa é de 18,2%. O Índice de Desempenho Industrial passou de -3,9% para 1,6%.
De acordo com o estudo da CIC, a economia começa a dar mostras claras de recuperação, embora tímidas, pois em época igual do ano passado, os números foram empurrados para baixo em 9,2%. O comércio é a atividade de maior crescimento em maio: 10%. Serviços, por outro lado, tiveram retração de 2,1%, o que configura perda do poder de compra do consumidor causada pela inflação e pelo desemprego.
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As vendas industriais aumentaram 6,8% e denotam que os empresários estão se preparando para investir com o retorno do otimismo. Já a inadimplência dos consumidores teve ligeira alta, enquanto a inclusão de débitos estancou. O diretor de Economia, Finanças e Estatística da entidade, Astor Schmitt, pondera que, enquanto a situação política do país não se definir, as oscilações vão continuar:
– Olhando o governo provisório (de Michel Temer), ele dá alguns sinais controversos. O viés ideológico mudou para uma postura mais amigável e favorável ao investimento e empreendedorismo, a equipe econômica é bem aceita e confiável e há articulação com o Congresso. Mas a encrenca da corrupção aquece mais, ninguém sabe onde vai terminar, e isso está contaminando severamente a economia, o que rema contra qualquer processo de retomada.
A alta no comércio deveu-se, principalmente, à chegada do frio na Serra e à comemoração do Dia das Mães, uma das datas do ano de maior consumo. Foram abertos 57 novos postos de trabalho formais, ante 779 cortes (-0,5%) no apanhado geral de todo o mercado da cidade – 579 na indústria, 141 nos serviços, 84 na agricultura e 32 na construção civil. Atualmente, 163.412 pessoas estão empregadas em Caxias do Sul.
– É medido o grau de confiança do mercado sempre. Você faria negócio com alguém que não te inspira a menor confiança? Então, a questão está muito ligada com isso. Sem um cenário seguro, o negócio diminui. As estruturas têm de estar ajustadas para que a coisa aconteça. O que é certo e está provado é que o modelo de economia baseado no consumo é nefasto – afirma o diretor da Câmara de Dirigente Lojistas (CDL), Ivonei Pioner.