Duas explosões foram ouvidas perto do terminal internacional do aeroporto Atatürk, de Istambul, na Turquia, por volta das 22h (16h, horário de Brasília) desta terça-feira. De acordo com informações da CNN turca, testemunhas relataram também ter ouvido tiros no local. Segundo o governador de Istambul, Vasip Sahin, há pelo menos 36 mortos.
Os primeiros indícios do triplo atentado suicida, conforme o primeiro-ministro turco, Bimali Yildirim, apontam para o grupo Estado Islâmico.
– Segundo as últimas informações, 36 pessoas perderam a vida – revelou, no local do ataque, destacando que "os indícios apontam para o Daesh (acrônimo em árabe do Estado Islâmico)" como o autor do ataque, ainda não reivindicado.
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Outras 147 pessoas ficaram feridas no ataque. De acordo com ministro da Justiça da Turquia, Bekir Bozdag, dois homens-bomba se explodiram após uma troca de tiros com a polícia. Três terroristas teriam participado da ação. O Itamaraty afirmou, através de sua conta oficial no Twitter, que não há, até o momento, registro de brasileiros entre as vítimas.
– Um terrorista começou a atirar com uma Kalashnikov (fuzil AK-47) e, então, detonou-se – relatou Bozdag, em pronunciamento aos deputados.
Segundo a CNN turca, mais de 10 ambulâncias foram enviadas ao terminal de voos internacionais. O aeroporto está fechado no momento e todos os voos foram suspensos, sendo desviados para aeroportos próximos. A entrada e a saída de pessoas foram interrompidas.
– Foi muito forte. Todo mundo entrou em pânico e começou a correr em todas as direções – relatou um dos entrevistados à CNN.
Localizado na parte europeia de Istambul, o aeroporto internacional de Ataturk é o 11º do mundo em fluxo de pessoas, tendo registrado cerca de 60 milhões de passageiros no ano passado. É também o terceiro mais movimentado da Europa.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fez um apelo à "luta comum" no plano internacional após o triplo atentado.
– Espero, sinceramente, que o ataque visando ao aeroporto Ataturk seja uma virada para a luta comum a travar, com os países ocidentais à frente, em todo o planeta contra as organizações terroristas – afirma Erdogan.
Rebeldes curdos ou extremistas
Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade pelo ataque até o momento. Em entrevista à CNN, o especialista em segurança e terrorismo Abdullah Agar privilegia a tese de atentado "jihadista", ampliando as suspeitas sobre uma possível autoria do Estado Islâmico.
– Isso parece muito com os métodos deles – afirmou, referindo-se aos ataques contra o aeroporto e o metrô de Bruxelas em março deste ano.
Em 2015, a Turquia foi atingida por uma série de atentados letais, atribuídos a rebeldes curdos e ao grupo Estado Islâmico.
O outro aeroporto de Istambul, o Sabiha Gokcen, foi atingido em dezembro passado por um atentado. Um funcionário morreu. Istambul e a capital, Ancara, as duas maiores cidades do país, sofrem desde o ano passado com uma sequência de atentados que já deixaram quase 200 mortos e um grande número de feridos.
Esses ataques foram atribuídos ao Estado Islâmico – que não reivindicou nenhum deles –, ou aos rebeldes curdos, sobretudo, do TAK, um braço do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão. O PKK retomou as armas há um ano contra o governo, após um cessar-fogo de dois anos.
O Aeroporto de Atatürk é o terceiro mais movimentado da Europa e o maior da Turquia, alvo frequente de ataques, principalmente de separatistas curdos. Com 26 milhões de pessoas, os curdos são a maior etnia sem Estado próprio em todo o mundo.
*Com agências