Das janelas sobraram apenas as esquadrias. Estilhaços de vidros quebrados cobrem o chão abandonado. Os cabos que serviam para conduzir a energia elétrica foram quase todos furtados. Carcaças de um ar condicionado e de uma geladeira estão espalhadas pelo pátio e as cadeiras de escritório destruídas pelo caminho.
Este é o estado em que se encontra hoje o posto da Brigada Militar desativado há pouco mais de um mês na Rua Wolfram Metzler, no Bairro Rubem Berta, na Zona Norte da Capital.O prédio foi destruído por vândalos e foi alvo de ladrões.
Um policial que prefere não se identificar diz que volta e meia a viatura para no local para verificar se as "paredes" ainda estão de pé, pois todo o resto já foi destruído. Na opinião dele, a unidade deveria servir para outros serviços, pois a Brigada não tem efetivo para manter a base.
Outros dois postos do 20º BPM foram desativados na Vila Elisabeth e no Parque dos Maias. O objetivo é otimizar os serviços e aproveitar o efetivo no patrulhamento. O mesmo aconteceu com o posto da Redenção, que pertence ao 9º BPM, no Bairro Bonfim.
Ação e reação
Os moradores ficaram revoltados com a decisão. A Associação Comunitária dos Moradores do Conjunto Residencial Rubem Berta (Amorb) encabeçou passeatas e abaixo-assinados. Comerciantes afirmam que os assaltos têm aumentado após a desativação da base.
A loja de roupas da Cátia Martins, 25 anos, que está localizada em frente ao posto, foi arrombada no feriado de abril. O prejuízo, segundo ela, foi de quase R$ 20 mil.
– Foi horrível, levaram tudo. Não é fácil ter que começar do zero.
Jorge Luiz Iglesias, 62 anos, que é dono de um bazar na mesma rua, acredita que o posto dava sensação de segurança e espantava os criminosos.
– Antes não tinha tanto roubo. Agora, vários comércios foram assaltados – avaliou.
A Amorb chegou a encaminhar um ofício aos governos Municipal e Estadual solicitando o cercamento da área para evitar a depredação e que o imóvel seja aproveitado para algum serviço público. Caso contrário, a associação tem interesse em aproveitar as instalações com trabalhos sociais.
Otimizando o trabalho
O comandante do 20º BPM, tenente-coronel Egon Kvietinski, diz que a decisão de fechar os postos foi tomada com o intuito de otimizar o trabalho e liberar o efetivo que estava em função da zeladoria das unidades.
Com poucos policiais à disposição, Egon entendeu que seria mais produtivo colocar os policiais nas viaturas e socializar o serviço com toda a comunidade do que limitá-los ao atendimento no posto.
– Todo mundo quer ter um posto da Brigada perto da residência. O posto não está mais ao alcance dos olhos, mas está dentro da viatura no momento em que se socializa essa viatura com todos – avaliou.
Prefeitura é responsável por patrimônio
Os prédios foram devolvidos à Prefeitura de Porto Alegre que assume, a partir de agora, a responsabilidade de dar um destino aos espaços. Segundo a Secretaria Municipal da Fazenda, a Amorb tem interesse no posto do Rubem Berta. A área de patrimônio ficará responsável por instruir o processo de permissão de uso.
O posto da Vila Elisabeth será ocupado pelo Conselho Tutelar e o posto do Parque dos Maias está sob a responsabilidade da associação comunitária do parque por contrato de comodato desde 1988. Uma igreja demonstrou interesse em usar o espaço do parque.