Com o provável afastamento da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, conduzirá o processo de transição para a equipe de Henrique Meirelles. O atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, deixará o cargo com a presidente Dilma.
Porém, a maior parte do comando do Ministério da Fazenda está nas mãos de funcionários de carreira do governo federal, que devem ficar em seus cargos até as primeiras orientações da nova equipe econômica, que assume com o vice-presidente Michel Temer. É o caso de Jorge Rachid, na Receita Federal, e Otavio Ladeira, no Tesouro Nacional.
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Dyogo Oliveira, número dois na hierarquia do time de Barbosa, integra a carreira de gestor do Ministério do Planejamento. Um dos principais auxiliares de Barbosa e principal responsável pela elaboração da proposta de reforma da Previdência do Ministério da Fazenda, o secretário de Política Econômica, Manoel Pires, é funcionário do Ipea.
A orientação de Nelson Barbosa é deixar a "casa arrumada", apesar do clima de tensão que marca o processo de impeachment da presidente. Todos os processos que exigem decisões emergenciais nos próximos dias serão informados ao novo ministro e sua equipe. As rotinas de mais longo prazo também deverão serão transmitidas.
O ritmo frenético que marcou os últimos dias de Barbosa no cargo destoou do marasmo que tomou conta da Esplanada dos Ministérios às vésperas da votação do impeachment. Nos últimos dias, Barbosa, que está a menos de cinco meses no cargo, acelerou o anúncio de medidas na tentativa de deixar a "marca" de sua estratégia de política econômica. Nem todas, no entanto, tiveram tempo de serem anunciadas.
As que foram divulgadas já passam pelo crivo de Meirelles, que apresentou esta semana ao vice-presidente um diagnóstico das medidas. A equipe de Barbosa avalia que muitas devem ser aproveitadas por Meirelles. O clima nesta terça-feira foi de despedida na entrevista de anúncio de dois boletins que passarão a ser divulgados anualmente pela Fazenda: de análise de gastos e das finanças públicas dos Estados e Municípios.
A principal tarefa de Meirelles nos primeiros dias de governo será reverter o risco de shutdown da máquina, se o projeto de mudança da meta não for aprovado. Na área técnica da pasta, que não muda com a saída do PT do governo, a preocupação é grande com o impacto negativo das medidas que foram sendo tomadas pela presidente na reta final do impeachment em todos os Ministérios. A avaliação é de que o alcance de muitas delas só será conhecido mais tarde.
A reclamação é de que boa parte delas está sendo feita pelo "núcleo duro" do governo, sem levar em conta a necessidade de reversão do rombo de R$ 142 bilhões das contas acumulado em 12 meses.