O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, determinou o envio ao ministro Gilmar Mendes do pedido feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), por suposta manipulação de dados do Banco Rural. O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro Teori Zavascki como um desdobramento da Lava-Jato.
Ao considerar que o caso não tem a ver com as investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras, o ministro Teori sugeriu que o caso fosse redistribuído a Gilmar, que já é o relator de um inquérito contra Aécio sobre um esquema de corrupção na estatal Furnas Centrais Elétricas. Teori defendeu que os dois casos são correlatos e, por isso, deveriam ser relatados pelo mesmo ministro, o que foi acatado por Lewandowski.
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O relator precisará decidir, agora, se abrirá ou não um novo inquérito contra o tucano. O pedido de Janot tem como base a delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) que acusou Aécio de manipular as informações do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro durante a CPI dos Correios.
Delcídio presidiu a CPI dos Correios e afirmou ter "segurado a barra" para que não viesse à tona a movimentação financeira das empresas de Marcos Valério no Banco Rural que "atingiriam em cheio" integrantes do PSDB por causa do mensalão mineiro.
Além de Aécio, o caso também envolve o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Na época, Paes era secretário-geral do partido e teria sido escalado por Aécio para atuar, junto com Sampaio, para postergar a apresentação de informações pelo Banco Rural.
Furnas
Na semana passada, após assumir a relatoria do pedido de Janot contra Aécio sobre o caso de Furnas, o ministro decidiu instaurar um inquérito. Mas, em menos de 24 horas, voltou atrás e suspendeu o andamento das investigações até que o procurador-geral da República se explique sobre o pedido.
Segundo Janot, Aécio teria recebido propina de empresas terceirizadas que prestavam serviço para Furnas. O caso, que também consta na delação de Delcídio, já havia sido mencionado na colaboração do doleiro Alberto Youssef com o Ministério Público Federal às investigações da Lava-Jato. Na época, a menção ao tucano foi arquivada a pedido de Janot, que considerou na ocasião que as informações do delator eram insuficientes.