Um dia após ter usado a palavra "bando" para se referir ao grupo de imigrantes retratado na série Ilusões Perdidas, que mostra as dificuldades enfrentadas por senegaleses e haitianos na Serra Gaúcha cinco anos depois da chegada em massa dos primeiros grupos, o prefeito de Caxias do Sul, Alceu Barbosa Velho (PDT), afirmou ter errado na escolha da expressão. Segundo ele, a intenção não foi ser pejorativo com a população estrangeira.
– Fui infeliz e cometi um erro ao falar a palavra bando, mas não quis dizer em um sentido pejorativo. Poderia ter dito 'muitos imigrantes', 'uma porção de imigrantes', mas foi o termo que me ocorreu na hora. Mas, fora o uso dessa palavra, minha consciência está tranquila e sei que não fiz nem falei nada de errado. Quem leu a matéria entendeu que não tenho problema algum com imigrantes – retrata-se o prefeito.
Por outro lado, Alceu reforça a opinião manifestada na quarta-feira, de que o atendimento prestado pela prefeitura é satisfatório. Diz ter ido pessoalmente a Brasília para viabilizar questões de documentação junto ao Ministério da Justiça e cita como exemplo casos de imigrantes haitianas que foram abrigadas na Casa Viva Rachel após serem vítimas de violência doméstica:
– Caxias é uma cidade que trata bem os imigrantes, mas sou muito transparente: eles vieram na pior época, por causa da dificuldade em arrumar emprego devido à crise. Mesmo assim, não há um imigrante passando fome em Caxias. Só que aqui eles levam a vida normalmente e cada um tem que lutar por si.
O prefeito também ressalta que o governo municipal não discrimina os estrangeiros, desde que eles tenham a situação regularizada no país.
– Se a pessoa preenche todos os requisitos, para a prefeitura não importa de onde ela é. Desafio um imigrante a dizer que foi mal atendido ou discriminado por algum órgão da prefeitura – afirma.
Entidades ligadas às populações africanas e caribenhas que desembarcaram na Serra enviaram, em março deste ano, um documento à Comissão de Direitos Humanos do Senado denunciando o descaso do município e do Estado no tratamento com os estrangeiros. Também pedem políticas específicas para suas necessidades, e acusam o Brasil de desrespeitar acordos firmados internacionalmente sobre o tema.