Para evitar uma guerra de torcidas durante a votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, as forças de segurança do Distrito Federal (DF) estão planejando uma megaoperação para o próximo domingo. Um contingente estimado em 3 mil policiais estará a postos na Esplanada dos Ministérios, e outros 1,5 mil ficarão aquartelados, de prontidão para o caso de qualquer necessidade. A expectativa da PM é de que 300 mil pessoas acompanhem o processo em frente ao Congresso.
A parte mais visível do planejamento é um muro de 1,1 mil metros de extensão por quase três metros de altura, que corta todo o gramado da Esplanada ao meio. Nos últimos dias, manifestantes colocaram diversos cartazes na estrutura, com dizeres como "Menos muro, mais Moro" ou "cercadinho do Rollemberg", em alusão ao governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB).
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Formado por chapas de contenção erguidas lado a lado, o paredão de ferro será guarnecido por cordões humanos formados por policiais, em uma zona de segurança com 70 metros de largura. Nesse espaço, agentes a cavalo e com cães de guarda irão evitar qualquer contato entre militantes de lados opostos.
Manifestantes a favor do impeachment serão concentrados à direita do Congresso. Do lado oposto, os ativistas contra o afastamento.
Os grupos ficarão confinados em um espaço de 87 mil metros quadrados e a entrada só será permitida após minuciosa revista. O uso de bandeiras com haste e fogos de artifício, bem como qualquer objeto que possa causar dano ou até mesmo provocar os antagonistas está proibido. Até mesmo os pixulecos – bonecos infláveis do ex-presidente Lula vestido de presidiário – poderão ser apreendidos. Prédios públicos das redondezas, como o Itamaraty e o Palácio da Justiça, terão um esquema especial de contenção para evitar invasões.
– A polícia trabalha para prevenir e reprimir. Tudo vem sendo planejado para garantir a segurança necessária a quem estiver aqui. Essa é a prevenção. Se algum grupo invadir área proibida ou causar perturbação da ordem, passamos para o segundo eixo, que é a repressão – alerta o coronel Alexandre Sérgio Ferreira, chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do DF.
Haverá policiais em pontos-chave da cidade, como a estação rodoviária e as estações do metrô. Ambulâncias e unidades do Conselho Tutelar e do Corpo de Bombeiros também estarão espalhadas por todo o entorno do Congresso. O policiamento se estenderá aos caminhões e vans dos veículos de comunicação, com o objetivo de intimidar eventuais ações de vandalismo ou depredação.
O trânsito será fechado na Esplanada já à meia-noite de sexta-feira. Os manifestantes a favor do impeachment serão concentrados à direita do Congresso. Do lado oposto, os ativistas contra o afastamento da presidente. Da mesma forma, comboios e caravanas terão de deixar os passageiros em locais pré-estabelecidos (Teatro Nacional para os anti-impeachment e Museu da República para os a favor) e seguir para um estacionamento específico.
A partir desses locais de concentração, as pessoas serão escoltadas até o gramado central. Será proibido cruzar a Avenida das Bandeiras e se aproximar do gramado do Congresso. Lá embaixo, junto ao espelho d'água, o aparato de segurança ficará ao cargo da Polícia Legislativa – um corpo policial que serve exclusivamente ao Congresso.
– Todo mundo pode vir com tranquilidade. Agora, se alguém romper as barreiras, será preso. Nossa preocupação é preservar a segurança de todos e evitar confrontos – alerta o coronel, com a experiência de quem coordenou a detenção de 600 pessoas em tentaram invadir o Congresso em manifestações semelhantes.
Na Câmara dos Deputados, os protocolos de segurança já foral alterados desde o início da semana. Até a próxima segunda-feira, é obrigatória a passagem por detectores de metal e toda bolsa ou mochila precisa passar por máquinas de raio-x. Os agentes estão trabalhando armados com pistolas de choque e, em algumas entradas consideradas mais sensíveis, usam colete à prova de balas.
No domingo, não será permitida a presença de grupos de manifestantes dentro da Câmara. As galerias deverão ser ocupadas por jornalistas e os servidores da Casa só terão acesso aos gabinetes – não poderão circular pelo salão verde nem pelo plenário. No total, 350 agentes, entre as polícias da Câmara e do Senado, estarão protegendo a Casa. O objetivo é evitar que haja provocações e até mesmo confronto nas dependências do Congresso.
Efetivo
3 mil policiais
100 agentes a cavalo
1,5 mil policiais aquartelados
350 agentes das polícias do Senado e da Câmara
Proibições
Bandeiras com hastes
Fogos de artifício
Objetos que possam provocar o grupo adversário
Recomendações
Levar água
Evitar bebidas alcoólicas
Evitar levar crianças pequenas ou de colo