A deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG) manifestou-se em uma rede social, na terça-feira, sobre a prisão do marido, o prefeito de Montes Claros, Ruy Adriano Borges Muniz. O chefe do Executivo do município mineiro e a secretária de Saúde Ana Paula Nascimento foram presos pela Polícia Federal, na manhã de segunda-feira, na Operação Máscara da Sanidade II - Sabotadores da Saúde, que investiga fraudes para favorecer hospitais privados ligados ao prefeito da cidade.
A prisão ocorreu um dia após o político ser elogiado por Raquel ao proferir seu voto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara. No domingo, a deputada elogiou a conduta do marido e disse que "o Brasil tinha jeito" ao votar pelo afastamento da petista.
Nesta terça, ela confessou que ficou "atordoada e muito chateada com o que aconteceu". Raquel Muniz disse que precisou de um dia "para tomar ciência do que se passava, respirar fundo e não desistir".
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"Eu e Ruy sempre soubemos o que poderia acontecer com a gente quando entrássemos para a política, mas jamais que chegaria a esse ponto. No entanto, não vamos nos intimidar em busca de um Brasil, de uma Minas e de um Montes Claros cada dia melhor", declarou. "Por isso, reitero cada uma das palavras ditas no dia 17 de abril durante a votação para aceitar o processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Montes Claros tem um gestor íntegro, ético e que preza pela transparência das suas ações."
Segundo as investigações, o grupo do prefeito teria atuado para inviabilizar os hospitais públicos da cidade. Somente em outubro de 2015, segundo a PF, o grupo de Muniz retirou cerca de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais públicos municipais.
Em contrapartida, o hospital privado gerido pela família da deputada que diz querer "melhorar" o país teria sido beneficiado com os procedimentos. Além disso, segundo a PF, de julho de 2015 até agora, Ruy Muniz aproveitou-se do cargo e utilizou verba pública para promover nos principais veículos de comunicação regionais "uma ampla e intensa campanha difamatória contra os hospitais público e filantrópico "concorrentes", inclusive lançando mão de dados e informações falsas", diz a nota da Polícia Federal.
Para a deputada, "não há razão jurídica para a prisão preventiva" do marido, pois não há "risco a ordem pública, nem perigo de fuga e nem haver qualquer indício de obstrução da justiça".
"Há, sim, razões de outras ordens, não republicanas, que justificam essa investigação. O meu marido, ao contrário do que está sendo amplamente noticiado, não teve a prisão decretada por motivos de corrupção e quem teve o senso ético de buscar a verdadeira motivação na decisão judicial pode verificar isto. Todas as providências jurídicas cabíveis já foram tomadas e tenho a plena certeza de que a verdade prevalecerá", afirmou.