O processo de impeachment de Dilma Rousseff divide o PSDB, maior partido de oposição até o rompimento do PMDB com o Palácio do Planalto. Geraldo Alckmin (SP), governador do principal Estado administrado pelo partido hoje, se diz contrário ao afastamento da presidente. Já o líder dos tucanos no Senado, Cássio Cunha Lima (PA), propõe que a sigla não aceite cargos em um eventual governo Michel Temer.
A legenda marcou para 3 de maio a definição sobre a participação em uma gestão do vice-presidente. Temer conta com o apoio do PSDB no Congresso para poder encaminhar sua agenda de reformas, expostas no plano Uma Ponte para o Futuro. Negociações foram feitas principalmente com o senador José Serra (PSDB-SP), que poderia assumir um ministério. Nesta sexta-feira, Cunha Lima criticou a possibilidade de a agremiação entrar em uma gestão Temer:
– O PSDB deve ficar muito longe de qualquer marca ou viés fisiológico.
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Essa posição já foi defendida pelos governadores Pedro Taques (MT), Beto Richa (PR) e Alckmin e pela maioria dos deputados do partido. O governador paulista foi mais longe na noite de quinta-feira, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Reunido com oito grandes empresários para discutir o cenário nacional, Alckmin disse não ver saída com Dilma no cargo, mas avalia que falta um motivo para o impeachment. Para ele, se a presidente for afastada por uma razão frágil, como as pedaladas fiscais, há risco para a democracia, pois nenhum governo terá mais segurança jurídica de que terminará o mandato. De acordo com o governador, qualquer crise poderá ser pretexto para tirar do cargo um presidente, governador ou prefeito. Alckmin lembrou que as pedaladas também foram usadas por Estados e municípios.
Caso o PSDB não aceite integrar um novo governo, umas das propostas em discussão pretende obrigar filiados que queiram ocupar cargos oferecidos por Temer a se licenciar da legenda e se comprometer a não concorrer à Presidência em 2018. Se a ideia vingar, será uma barreira para barrar tucanos com pretensões eleitorais. Secretário-geral do partido, o deputado Silvio Torres (SP) defende a ideia:
– O PSDB tem compromisso e dever moral de tirar o Brasil da crise, mas tem um caminho próprio, que é o projeto apresentado ao país nas eleições de 2014, quando o senador Aécio Neves foi derrotado.
No final de março, em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo, José Serra disse que o PSDB deveria participar de um governo Temer "sem abdicar de propostas e convicções":
– Michel Temer assumindo, eu diria que deveria se batalhar para se formar um governo de união e reconstrução nacional, com todas as forças interessadas na recuperação do país.
*Zero Hora, com agências