O ano de 2025 irá começar gelado para uma equipe de seis pesquisadores brasileiros que irão viajar para a Antártica, em uma missão de pesquisa. No grupo que vai desbravar uma ilha no continente mais frio do planeta, está o geólogo de Carlos Barbosa, Rodrigo do Monte Guerra.
O time parte no próximo domingo (29) para Punta Arenas, no sul do Chile. Lá, os seis pesquisadores irão aguardar até dia 2 de janeiro, quando embarcarão em um navio. A viagem pelo mar deve durar cinco dias, até a chegada na Ilha James Ross, na Antártica. A expectativa é que o grupo fique no continente congelado por mais de um mês.
Durante a estadia, os pesquisadores permanecerão acampados em dois grupos: o Paleo Clima, grupo da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), o qual Guerra integra; e o Terrantar, formado por profissionais da Universidade Federal de Viçosa, de Minas Gerais.
Com experiência de outras duas viagens para o destino congelado, a primeira em 2019 e a segunda em 2024, Guerra explica que a Antártica possui formações distintas, que contém informações de períodos específicos do planeta.
— Cada ilha possui rochas e fósseis de diferentes épocas na história da Terra. Então, seria como dizer que cada uma dessas ilhas é uma página de um livro a ser lido. A paisagem também muda bastante de um ponto a outro. A primeira viagem que fiz foi para um lugar que lembrava muito as imagens que vemos de Marte. Sem vegetações e com rochas marrom avermelhadas. Na segunda ida, estivemos em um local repleto de animais e bastante verde, com musgos e gramíneas. Dessa vez espero algo mais parecido com a primeira ida, que já que é uma ilha vizinha — explica.
Conforme Guerra, durante a expedição os pesquisadores irão coletar rochas, fósseis e sedimentos que, posteriormente, serão analisados. A partir desse estudo, os pesquisadores procuram entender mais do passado Antártica e como as mudanças climáticas têm influenciado em mudanças no continente.
Os materiais coletados deverão ser estudados pelos próximos anos. Isso porque a equipe precisa identificar os fósseis e realizar análises geoquímicas que devem apontar como era o ambiente antártico há milhões de anos. A viagem é financiada pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que a cada quatro anos, lança um edital para novas pesquisas no continente.
Pedacinhos da Antártica para ver de perto
Ao longo dos estudos, Guerra montou um acervo com rochas, fosseis, minerais, meteoritos, conchas e areia de diversas praias do mundo, formando uma exposição com mais de 10 mil itens, incluindo materiais coletados na Antártica. O acervo tem sido apresentado em escolas e eventos de ciências da Serra e região metropolitana.
Agora, o pesquisador planeja abrir um museu fixo em Carlos Barbosa, onde além de receber a comunidade e estudantes, pretende transformar o espaço em um centro de pesquisa.
— Tirando os museus das universidades, não temos na região um local assim para as pessoas matarem sua curiosidade científica. Quero que o museu se torne um centro de pesquisa, que as turmas possam ir para lá e ter aulas expositivas, que a comunidade também possa usufruir desse ambiente — explica.
A sala que irá abrigar o museu já foi escolhida, contudo Guerra pede auxílio para mobiliar o espaço e então abrir as portas. Uma vaquinha foi criada pelo geólogo para angariar recursos. A meta é obter R$ 80 mil.