O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou a defesa apresentada nesta segunda-feira pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na comissão especial que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo o presidente da Câmara, o ministro não está falando a verdade e tenta polarizar com ele para evitar a discussão do processo de impedimento.
– O ministro José Eduardo Cardozo, obviamente, está faltando com a verdade e exercendo de forma indigna essa defesa dele – afirmou Cunha.
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O deputado afirmou que Cardozo o ataca pelo fato de, como presidente da Câmara, ter aceitado o pedido de impeachment da presidente.
– Basicamente, isso já foi julgado na ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental), quando houve mandado de segurança. Isso foi julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que validou a iniciativa de aceitação do pedido de impeachment.
De acordo com o parlamentar, o advogado da União também falta com verdade ao dizer que a decisão dele (Cunha) é "nula". Cunha enfatizou que José Eduardo Cardozo falta com a verdade "porque não considera nem o resultado da decisão do STF, que eles (governistas) já questionaram", afirmou. Cunha citou uma frase do advogado da União, segundo o qual o pedido de impeachment foi aceito depois que o PT votou pela abertura de processo contra ele no Conselho de Ética, por quebra de decoro parlamentar.
O presidente da Câmara lembrou ter aceitado o pedido de impeachment no dia 2 de dezembro e que a primeira votação no Conselho de Ética ocorreu no 15 daquele mês.
– Então, ele falta com a verdade em todos os sentidos. Eu não vou ficar aqui batendo boca com ele, que busca polarizar comigo para tentar evitar a discussão do que ele tem que defender, que é o processo, é o conteúdo do que lá está, para tentar mostrar que os fatos são, ou não são, verdadeiros. Ele tem que defender o governo dos processos e acusações colocados, de acusações de obstrução à Justiça, das acusações de corrupção.
Eduardo Cunha destacou que, em vez de defender o governo, o ministro Cardozo busca o antagonismo para se esquivar de dar as explicações que o povo aguarda.
– Ele tem que procurar defender o governo e não buscar um antagonismo qualquer para, em cima desse antagonismo, se furtar de dar as explicações que ele precisa dar ao país e de convencer a comissão e o plenário para a abertura, ou não, do processo (de impeachment).
Para o presidente da Câmara, José Eduardo Cardozo está se desviando de sua função e, em vez de defender, tenta polarizar.
– Essa não é a primeira vez que ele faz isso, tentando desviar o foco do processo – afirmou Cunha.