O ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), divulgou uma nota, no início da noite desta quinta-feira, para esclarecer a suposta menção ao nome dele na delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS). O ministro confirma ter se reunido com o petista, mas afirma que nunca tratou com ele de questões ligadas à operação Lava-Jato.
– Tenho a consciência limpa e uma história de vida que fala por mim – afirmou.
De acordo com a revista Istoé, Delcídio disse, em delação, que a nomeação de Ribeiro Dantas ao cargo de ministro do STJ era uma estratégia do governo para garantir a soltura dos executivos Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo.
Leia mais
Oposição quer incluir reportagem da IstoÉ em pedido de impeachment
Deputado citado em delação de Delcídio Amaral diz à PGR que senador mentiu
Dilma está indignada com acordo de delação e vazamento, diz Jaques Wagner
– Nunca me comprometi a nada, se viesse a ser indicado – contesta Dantas. –Estive, como é de praxe, com inúmeras autoridades dos três Poderes da República, inclusive com o referido parlamentar, que era então o líder do governo no Senado. Jamais, porém, com nenhuma delas tive conversa do teor apontado nessa matéria – afirma Dantas no comunicado.
De acordo com o ministro, os encontros serviram para que ele pudesse se apresentar e expor a trajetória profissional aos parlamentares. O ministro tomou posse em setembro do ano passado e assumiu a relatoria dos casos da operação Lava-Jato tramitando no Tribunal. Ribeiro Dantas foi citado em gravação que justificou a prisão de Delcídio.
Após votar pela flexibilização da pena de seis executivos presos por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, cresceram as suspeitas de que o relator não agia de maneira imparcial. Navarro deixou a relatoria dos casos em dezembro.
– Nos apenas seis processos em que me posicionei pela concessão da soltura (no âmbito da Lava-Jato), com base em fundamentação absolutamente jurídica, levei-os ao colegiado que integro. Voto vencido, passei a relatoria adiante, e não apenas naqueles processos específicos: levantei questão de ordem, com apoio em dispositivo do regimento interno da Corte, para repassar também os outros feitos conexos, oriundos da mesma operação – disse em nota.