Refletida no espelho do banheiro, Joana* se enxergou, naquele outubro de 2013, como uma mulher desonrada, indigna da filha que tem e da família que a criou. Dos hematomas que carregava no rosto, três eram da noite anterior e estavam sobrepostos a outros mais antigos. Fazia quatro meses que o espaço de tempo entre uma surra e outra não era suficiente para a pele se recuperar. Mas ali estava ela, estática, diante do reflexo, observando as lágrimas que escorriam sobre os machucados espalhados do olho esquerdo ao pescoço e arquitetando em sua mente formas de fazer cessar as agressões que vinha sofrendo do então namorado, entre elas, sexo não consensual. A mais promissora saída parecia ser o suicídio, acreditava à época.
Violência
Mais de 40% das agressões contra a mulher envolvem alguém do convívio social
Dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul e apontam que número de estupros no RS diminuiu