O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), não quis comentar a notícia da delação premiada do ex-líder do governo no Senado, senador Delcídio Amaral (PT-MS), por se tratar de um "factoide".
– Não é uma notícia. Há uma nota do Delcídio negando a informação e o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deveria homologar a delação, afirma que o documento não passou por ele. Portanto, não há essa delação, não vou entrar no mérito. Não posso comentar uma suposição – afirmou o líder. – Se a delação for homologada na forma da lei, caberá investigação para que se constitua prova por indiciamento. Cito o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, que foi mencionado em quatro delações. Não basta haver uma delação para condená-lo, porque ela consiste em um réu confesso que aponta a culpa de outra pessoa. Qualquer cidadão tem o direito de defesa. Uma delegação que o procurador-geral não homologou, não é que eu não acredite, é que ela não existe – completou o petista.
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Para Florence, o governo Dilma está de pé.
– Sem dúvida a presidente Dilma é sufragada pelo povo brasileiro, ela foi eleita democraticamente com legitimidade popular. O problema é que na oposição existem golpistas demais e eles não querem se submeter a outra eleição com risco de derrota. Nós vamos continuar defendendo a democracia e as conquistas do povo brasileiro.
O líder do PT acredita que o vazamento da delação de Delcídio pode ter efeitos políticos na Câmara.
– Mais do que isso, pode atrapalhar os interesses do País – completou.
O parlamentar também disse não acreditar que a delação possa fortalecer o processo de impeachment da presidente.
– Como a oposição não tem agenda para o País, trabalha só essa pauta (do impeachment), que já se esvaiu. Nós queremos votar esse pedido de impeachment, assim como no caso das supostas pedaladas fiscais. A oposição deve votar a favor ou contra. O que não dá é a cada dia aparecer um factoide e, quando se constitui prova para apreciação de uma delas, a prova vai para a gaveta e surge um novo factoide.
Florence mencionou como temas importantes da semana as Medidas Provisórias (MPs) aprovadas na Câmara dos Deputados, a MP 694/15, que trata de legislação tributária, e a MP 693/15, que estende algumas desonerações tributárias federais a equipamentos e materiais destinados às Olimpíadas e às Paraolimpíadas de 2016. As duas medidas estavam trancando a pauta do legislativo desde o final do ano passado.
Cunha
Florence defendeu a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara.
– Ele tem direito a defesa como todo cidadão, entretanto consideramos que são nítidas, explícitas, ululantes, robustas as evidências de que ele tem se utilizado da presidência da Câmara para obstruir a instalação da investigação no Conselho de Ética – opinou.
Sobre as críticas do presidente da Casa ao PT, Florence rebateu dizendo que Cunha ataca o partido "como também ataca os direitos dos trabalhadores, dos indígenas, das mulheres, dos negros".