O ex-governador do Estado Tarso Genro propôs um acordo entre oposição e governo como uma saída para a crise política instalada no país. Em artigo publicado nesta quinta-feira no jornal O Globo, o petista respondeu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que havia, quatro dias antes, defendido "mudanças nas regras do jogo".
Tarso propôs que Dilma Rousseff conclua o mandato integral na Presidência da República e pediu o fim do que classificou como "procedimentos de exceção" na Operação Lava-Jato, que, para o ex-governador, tem desrespeitado princípios da presunção da inocência e do direito à ampla defesa.
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"Seria possível que os principais partidos da oposição e do governo se dispusessem a conversar sobre esta agenda inicial? É difícil, mas não impossível. Tal diálogo poderia abrir a possibilidade para a convocação de uma Constituinte, para tratar de assuntos cuja legitimidade só poderia vir do poder constituinte do povo. Não quero dizer que é isso ou o caos. Mas, certamente, todos os cidadãos sensatos do país preferem uma saída negociada, para fortalecer a democracia, a uma guerra que fortaleça o arbítrio", escreveu Tarso.
O ex-governador disse que "deformações graves de ordem jurídica estão em curso" e defendeu uma saída por meios legais "extraordinários" para evitar radicalização, violência e ilegalidade. Para ele, a oposição não assegurou até o momento ao governo Dilma Rousseff o direito de governar com "serenidade" e o cumprimento do mandato integral da presidente seria o ponto de partida para a estabilização do país.
No artigo, o ex-governador também sugeriu medidas como mudanças nas regras de financiamento eleitoral e uma reforma política que diminua o número de partidos.
Fernando Henrique havia proposto a instauração de um regime semiparlamentarista "com uma Presidência forte e equilibradora, mas não gerencial". Para o ex-presidente, a execução de programas sociais encontra dificuldades em função da burocracia do Estado. "E também porque a sociedade não quer e não pode pagar cada vez mais tributos quando os gastos não param de se expandir", escreveu, no artigo publicado em 6 de março.