
Depois de 26 embaixadores estrangeiros passarem pela Expodireto-Cotrijal nesta semana, mais de 30 empresários de diferentes países chegam nesta quinta-feira a Não-Me-Toque, no norte do Estado. Em meio a máquinas, equipamentos e lavouras experimentais, os sotaques dos gringos evidenciam o caráter internacional da feira - que ganhou ainda mais força neste ano pelo efeito cambial.
O mercado brasileiro, que já chamava atenção por produzir tecnologia agrícola de ponta, tornou-se mais atrativo aos importadores pela valorização do dólar no câmbio. Na prática, o preço dos produtos expostos ficou mais em conta para quem negocia em moeda americana.
– Importadores estão comprando máquinas e equipamentos 30% a 40% mais baratos do que no ano passado – destaca Evaldo Silva Júnior, coordenador da área internacional da Expodireto.
Leia mais
Safra deve crescer 0,9% em 2016, estima IBGE
Empresa de Santa Maria cria plano de saúde bovino
Crise política do país domina discursos na abertura da Expodireto
Nos primeiros dias, foram as representações oficiais que marcaram presença entre os mais de 500 estandes da feira. Embaixadores e diplomatas de países como Argélia, Polônia, Emirados Árabes, Moçambique e Nigéria circularam pelo parque em busca de tecnologias para levarem a seus países. Nestas quinta e sexta-feiras, será a vez das tradings estreitarem relações com exportadores brasileiros para encaminhar negócios a área de máquinas e grãos. Destaque para o Panamá, Ucrânia, Irã, Colômbia, Gana e Inglaterra.
Diretor de uma trading no Irã, Mehran Ziaei participa pela sexta vez da Expodireto. Neste ano, pela primeira vez, irá conseguir concretizar exportações de grãos e de máquinas agrícolas produzidas no Brasil.
– Tínhamos muitas barreiras alfandegárias que conseguimos derrubar – contou Ziaei, enquanto olhava uma plantadeira de grãos.
O importador iraniano, da trading H.C. Parsian, conta que mesmo com a presença de grandes fabricantes do setor no país de origem, é mais rápido e mais barato comprar no Brasil. Quanto ao interesse em soja, milho e trigo, destaca que o Irã produz menos de 5% dos grãos que consome.
Energias renováveis despertam interesse
A exposição de fontes de energias renováveis foi a novidade da área internacional neste ano. Soluções energéticas como um gerador híbrido movido à água despertou interesse de estrangeiros. Produzido em Esteio, pela empresa Green +, o equipamento abastecido com hidrogênio e etanol foi lançado na feira como uma alternativa de fonte renovável para abastecer pivôs de irrigação, aviários e criatórios de suínos.
– O preço é semelhante a um gerador à base de diesel, com o diferencial da sustentabilidade e menor custo de manutenção – destaca Josely Rosa, diretor da empresa.
Em 2015, a participação estrangeira na feira movimentou R$ 237 milhões. Neste ano, a expectativa é superar essa quantia, por conta também da valorização do dólar no câmbio brasileiro.