Cinco deputados gaúchos foram eleitos membros titulares da comissão especial de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Do quinteto, dois são favoráveis ao impedimento, dois são contra e um ainda não abriu posição.
Na tarde desta quinta-feira, a Câmara elegeu os 65 titulares e igual número de suplentes para o colegiado, seguindo as regras determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os cinco parlamentares gaúchos são Henrique Fontana (PT), Pepe Vargas (PT), Luiz Carlos Busato (PTB), Osmar Terra (PMDB) e Jerônimo Goergen (PP).
Terra e Jerônimo são favoráveis ao impedimento de Dilma. Busato afirmou que a bancada petebista está liberada para votar como quiser. Ele pretende externar o seu voto somente nesta sexta-feira, após reunião com colegas de partido.
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Busato já foi secretário de Obras do governo Tarso Genro, no Rio Grande do Sul, e teve proximidade com o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT). Mais recentemente, por conta de arranjos políticos, ele se afastou dos petistas. Apesar de não ter aberto voto, ele critica a indicação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.
– Me solidarizo com todos os brasileiros que estão indignados neste momento. O que a gente ouviu nessas gravações demonstra que essa indicação tem único intuito: o de proteger algumas pessoas que não deveriam estar exercendo cargo público neste momento – disse Busato.
Terra e Jerônimo, de siglas da base aliada, mas ambas com dissidências, estão com o voto definido.
– Nós não podemos continuar tendo esse governo no Brasil, especialmente pelos métodos de uso de recurso público e da máquina pública para fins não corretos. Portanto, meu voto é favorável ao impeachment, as ruas estão pedindo que essa mudança aconteça – afirmou Jerônimo, que coletou assinaturas para convocar o diretório nacional do PP a deliberar sobre a saída do governo Dilma.
Um dos deputados mais empenhados na tese do afastamento de Dilma, Terra acredita que, hoje, a comissão está dividida entre favoráveis e contrários ao impeachment.
– Acho que temos agora uma situação de meio a meio, mas não vejo ninguém trocar de posição para migrar em direção ao apoio a Dilma. Só o contrário. É questão de dias para termos maioria folgada pelo impeachment – assegura Terra.
Com experiência de quem foi líder dos governos Dilma e Lula, Henrique Fontana foi um dos indicados pelo PT para defender o mandato da presidente. Ele diz que, desde a posse da petista, a oposição "não aceita o resultado da eleição e tenta desestabilizar o país". Ele acredita que os grampos em conversas entre Dilma e Lula, tornados públicos nesta quarta-feira, não irão contaminar o ambiente da comissão.
– Estes grampos, além de ilegais, são grampos que têm objetivo de ajudar no clima de desestabilização do país, no clima de golpe. Isso não vai nos tirar o equilíbrio – afirmou o petista.
Outro nome do PT, o ex-ministro Pepe Vargas diz que a ideia é fazer um debate técnico para demonstrar que não há prova de crime de responsabilidade contra Dilma. As pedaladas fiscais, base argumentativa do impeachment, afirma ele, "também foram cometidas em outros governos e não eram consideradas irregulares". O deputado defende que o governo antecipe a apresentação da sua defesa – são até 10 sessões para que isso ocorra – com o objetivo de acelerar a definição sobre o processo.
– Impeachment não é processo político, é jurídico. Vamos mostrar que não há crime de responsabilidade, vamos fazer debate técnico, que é o dever da comissão – disse Pepe.
Quatro gaúchos serão suplentes – José Stédile (PSB), Luis Carlos Heinze (PP), Bohn Gass (PT) e Paulo Pimenta (PT) –, com direito a participar das sessões e a manifestação. Eles só irão votar em caso de necessidade de substituir um titular ausente.