O corredor lotado de pacientes esperando atendimento, o médico no consultório, mas o paciente da vez não aparece. A cena descrita ocorreu na manhã da última terça-feira no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). E para quem possa pensar que esse foi um fato excepcional, os números mostram que a situação é mais recorrente do que se imagina, e não só no Husm.
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Do total de 381,5 mil consultas agendadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2015 em Santa Maria (desde a rede de atenção básica até a alta complexidade, incluindo pacientes de outros 45 municípios atendidos na cidade), em cerca de 77,5 mil delas os doentes não aparecem. O número representa aproximadamente 20% das consultas agendadas. Ou seja, um a cada cinco pacientes falta à consulta médica pelo SUS.
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E a consequência direta é o aumento da já gigantesca fila de espera. Além disso, o médico e a estrutura disponibilizada para aquele atendimento são desperdiçados.
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- É bem frequente, os pacientes não virem - confirma o endocrinologista do Husm, Diogo Guarnieri Panazzolo.
Nos casos em que o paciente depende de transporte do município, e ele confirma o agendamento e não aparece, somam-se o prejuízo aos cofres públicos. Há o emprego do servidor e do veículo que, muitas vezes, vai até localidades do interior para buscar, em vão, o paciente.
Segundo os agentes de saúde envolvidos no processo de agendamento, as causas são diversas e a responsabilidade nem sempre é do doente. Às vezes, ocorre de as secretarias de saúde dos municípios não conseguirem localizar os pacientes por desatualização de cadastro, por exemplo. Nesses casos, outras pessoas da fila são chamadas, e a vaga é aproveitada. Mas, quando o paciente agendado, por um motivo qualquer, não vai e não avisa, a vaga é perdida.
- Isso é um problema para toda a rede. Primeiro, porque as pessoas precisam. Segundo, porque temos os profissionais altamente especializados desperdiçados - diz o chefe da Divisão de Gestão do Cuidado do Husm Salvador Penteado.
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