Em meio à forte queda na venda e na produção de veículos no Brasil, a fabricante de autopeças Dana informou nesta quarta-feira que 1.100 funcionários da unidade de Gravataí, no Rio Grande do Sul, concordaram em aderir ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE), do governo federal. O acordo prevê seis meses de adesão, podendo ser renovado por mais seis meses, caso o mercado não apresente melhora.
As empresas que aderem ao PPE podem reduzir a jornada de trabalho dos seus empregados em até 30%, sem que o trabalhador tenha uma redução salarial no mesmo nível. Metade da diminuição da jornada é bancada pelo governo, enquanto a outra metade é negociada entre funcionários e empresa. No caso da Dana, 600 funcionários terão a jornada reduzida em 20%, com redução de 5% do salário (dos 15% restantes, 10% serão bancados pelo governo e os outros 5% pela empresa). Para os outros 500, a jornada cairá 10%, com diminuição salarial de 2,5% (dos 7,5% restantes, 5% bancados pelo governo e 2,5% pela empresa).
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Em Gravataí, apenas cem funcionários não entrarão no PPE. Com a aprovação dos trabalhadores, o próximo passo da Dana é enviar o pedido de adesão ao governo. As outras duas unidades da empresa no Brasil, em Diadema e Sorocaba, também fizeram o pedido. Por terem começado o processo mais cedo, ambas estão em estágio de análise mais avançado. Somando as três unidades, a Dana tem cerca de 2 mil empregados no País.
A empresa explicou que decidiu recorrer ao PPE para poder acompanhar os movimentos da indústria automobilística, que tem enfrentado queda na produção. Em 2015, o volume de veículos produzidos pelas montadoras no Brasil caiu 22,8% em relação a 2014. O recuo na produção se deve principalmente aos fracos resultados nas vendas, que caíram 26,5% na mesma comparação. Logo no primeiro mês de 2016, os dados mostraram quedas ainda mais intensas. A produção recuou 29% ante janeiro de 2015 e as vendas tiveram baixa de 38%.
O PPE foi criado pelo governo em julho do ano passado para evitar demissões nas empresas que enfrentam dificuldades financeiras. Diversas montadoras e fornecedores de autopeças já aderiram ao programa. A adesão, porém, não tem evitado demissões em massa no setor. Só em 2015, 14,7 mil postos de trabalho foram eliminados pelas montadoras instaladas no País, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A indústria de autopeças, por sua vez, fechou 28,9 mil vagas, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).