Equipes da segurança pública estadual estão mobilizadas para uma ofensiva contra os desmanches irregulares na manhã desta terça-feira. No total, 82 homens da Brigada Militar, Polícia Civil, Detran e Instituto Geral de Perícias estão verificando a situação de peças veiculares armazenadas em estabelecimentos na Avenida Sertório, na altura do número 9.780, na zona norte de Porto Alegre.
Três estabelecimentos da Avenida Sertório foram escolhidos a partir das informações do setor de Inteligência para ser o foco da ação. Em um deles, o Barão Imports, foram presas quatro pessoas, sendo o proprietário e mais três funcionários. O local funcionava irregularmente, sem credenciamento do Detran, e não havia comprovante de procedência de nenhuma das milhares de peças estocadas. O homem que se apresentou como dono, acusado de receptação qualificada e adulteração de sinal identificador de veículo, também não dispunha de documentação da loja. Foi verificado que, no local, estavam peças retiradas de carros roubados.
Ainda pela manhã desta terça-feira, foi anunciado o fechamento do Barão Imports. Caminhões encostaram em frente ao estabelecimento para recolher todas as peças e restos de carros. O material será triturado.
Em um segundo local fiscalizado, não havia nenhum responsável, mas a operação encontrou dois veículos roubados dias atrás, ambos já desmanchados. Lá estavam um Astra e uma Mitsubishi Lancer, alvo da ação de criminosos nos dias 12 e 5 de fevereiro de 2016, respectivamente. Depois de depenados, restaram apenas partes dos automóveis, como as portas, capô, bancos e painel do volante. Esse estabelecimento não tinha nenhuma identificação ou letreiro. Policiais envolvidos com a operação acreditam se tratar de uma garagem utilizada somente para desmanche. No seu interior, ela tinha ligação com outros dois galpões que ficavam do seu lado esquerdo.
- Já podemos dizer que essa ação, dentro do planejamento estratégico de enfrentamento da receptação e roubo e furto de veículos, já é um sucesso, com base na legislação construída em 2015. É a primeira (operação) de muitas, temos um longo caminho pela frente em 2016 - afirmou Wantuir Jacini, secretário da Segurança.
Ele ainda afirmou que a prioridade é fazer mais ações semelhantes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Não há data definida, mas, ao longo do ano, a iniciativa deverá ser estendida ao interior.
- Onde não houver estrutura maior, vamos mandar reforço de outros locais - explicou Jacini, se referindo à grande mobilização necessária para fiscalizar os estabelecimentos.
Esta é a primeira operação de grande porte após a sanção do governador José Ivo Sartori à lei dos desmanches, em dezembro. Pela nova legislação, qualquer peça que estiver em ferros-velho sem comprovante de sua procedência, com nota fiscal, será considerada ilegal e poderá ser imediatamente recolhida. A fiscalização é do Detran, de caráter administrativo, mas as polícias acompanham para dar suporte. O IGP é responsável por verificar as origens das peças.
Repórter Carlos Rollsing atualiza as informações da ação em tempo real
A operação também é acompanhada por três empresas recicladoras credenciadas pelo Detran. Elas estão no local com caminhões que serão utilizados para recolher os produtos ilegais. Tudo o que for retirado dos desmanches será enviado para processo de trituração. Depois de destruído, o material reciclado, como o ferro, poderá ser vendido pelas empresas, que terão de pagar ao Detran um valor por cada quilo recolhido, explica Carla Badaraco, diretora-técnica do Detran.
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A nova lei dos desmanches e a possibilidade de retirar de circulação peças sem procedência em larga escala é uma das apostas do secretário de Segurança, Wantuir Jacini, para reduzir os altos índices de furto e roubo de veículos em Porto Alegre. Indicativo da relevância dada pelo governo à iniciativa, o secretário Jacini, alvo de recentes críticas por sua atuação, acompanha pessoalmente a operação. O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas, e o recém-nomeado chefe de Polícia, Emerson Wendt, também estão no local, junto de Jacini.
A realização de ações policiais de grande porte é uma das estratégias do Palácio Piratini para mostrar serviço e contrapor a sensação de paralisia diante da crise na segurança.