As palavras engasgam quando o comerciante Tarcísio Falconi, 40 anos, tenta falar do trabalho que realiza com as crianças e os adolescentes que frequentam as aulas de lida campeira e de danças tradicionais no CTG Porteira da Restinga, no Bairro Restinga, em Porto Alegre.
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Patrão há nove anos da entidade que frequenta desde a infância, Tarcísio começou na função reerguendo o prédio destruído ao longo do tempo. Depois, atraiu os ex-frequentadores. Por último, decidiu investir no futuro: ensinar gratuitamente a tradição gaúcha aos pequenos. Pelo menos 30 frequentam todos os sábados as aulas de rédea, de treino de laço com vaca mecânica e vaca parada e de cavalgada para iniciantes. O curso de danças tradicionalistas ocorre às quartas-feiras.
Tarcísio, que passou a amar a cultura gaúcha ao aprender a montar num cavalo, não esconde o choro de orgulho do que está plantando e colhendo no terreno do CTG.
Mais do que ensinar a tradição, ele deseja ver os pupilos seguindo o mesmo rumo descoberto por ele ao frequentar o Centro de Tradições Gaúchas do bairro: o caminho do bem.
Resistência
"Estou no CTG desde os dez anos de idade. No início, fiquei desconfiado. Devagarinho, comecei a gostar da lida campeira. O mesmo ocorre com as crianças de hoje. Elas chegam desconfiadas e enfrento um pouco de resistência delas em aceitar a tradição e a disciplina. Quando elas começam a gostar, é, principalmente, da parte campeira com os cavalos. Depois que pegam o gosto de aprender a sapatear, dá um orgulho de ver que fazem aquilo com vontade."
Tradição
"Muitos criticam e dizem que a tradição é muito exigente, mas é uma coisa benéfica para a conduta de um cidadão, dos jovens e das crianças. É importante aprender o respeito às pessoas mais idosas e é isso que eu tento prezar dentro desta comunidade que tem muitos índices de violência e de drogadição: ter um ambiente saudável para a família restinguense conviver dentro da nossa comunidade."
Atividades
"Relacionado aos jovens e às crianças, oferecemos vaca parada, a partir de três, quatro anos de idade. A criança aprende a bolear a corda, como a gente diz na parte campeira. Oferecemos as danças tradicionalistas, que têm bastante procura. A partir do momento que as crianças aprendem a sapatear, é aquilo: os pais comentam fortemente que, dentro de casa, é aquela gana por voltar ao CTG. Temos a prova de rédeas e os treinos com vaca mecânica."
Objetivo
"Busco um investimento cultural para a nossa comunidade. Temos muita matéria-prima, que são as crianças. O problema é que nos falta apoio do governo para ampliarmos o trabalho."
Impagável
"O orgulho transborda quando a gente vai a um evento tradicionalista e tem aquele destaque reconhecido. Ver os pais sempre juntos com os filhos é maravilhoso. O CTG os une. Ver que o que passei está indo adiante não tem valor que me pague."
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