Em um ano, o preço do pão cacetinho em supermercados e padarias aumentou, em média, 15%, em Santa Maria. O percentual é maior do que a inflação do ano de 2015 na cidade, que foi de 10,51%, conforme o Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM).
Mas ainda é possível encontrar o pãozinho nosso de cada dia a valores (quase) iguais aos do ano passado - confira a pesquisa de preços ao lado. Comparar valores também pode trazer economia. Em 23 padarias ou supermercados pesquisados ontem e na última semana, o preço varia de R$ 5,98 a R$ 10,90, o que corresponde a 75% de discrepância.
Mesmo que tenha ficado acima da inflação, o aumento de preços no pãozinho acompanha a tendência de outros alimentos e produtos, que sofreram o impacto da alta na conta de energia elétrica, que chegou a 56%, dos combustíveis e de outros custos de manutenção dos negócios. Porém, se até o cacetinho está mais caro, é porque outros produtos da padaria também estão:
- O pão francês é o último a ser reajustado. Se ele ficou mais caro, o pão sovado e outras variedades aumentaram antes. O ruim é que mesmo se a tarifa de energia chegar a baixar, os preços não voltaram ao que eram antes, mas vai ser incorporado aos preços - explica o economista e coordenador do curso de Economia da Unifra, Mateus Sangoi Frozza.
Mercado externo
Frozza também projeta para 2016 que a tendência é que os preços dos derivados do trigo sigam em alta no país. A explicação é que o principal fornecedor da farinha usada nas padarias é a Argentina, cujo novo presidente alterou as regras que regem as exportações do país e os produtores estão buscando novos mercados.
Com isso, desde janeiro o Brasil está tendo de importar trigo de países como o Canadá a um custo maior. A cotação do dólar, acima de R$ 4, também contribui para o preço mais caro da farinha, que é importada.
- O grande impacto dessas mudanças no país vizinho é no trigo, que é o produto que importamos em maior quantidade e agora está faltando no mercado - acrescenta Frozza.
Mas a alta de preços também tem outros fatores: o período de férias, que gera mudanças de hábitos, pode abrir espaço para esses reajustes. A compensação dos gastos maiores com combustíveis também ajuda a explicar o fenômeno. Como neste primeiro mês do ano gasolina e etanol já estão tendo novas altas de preços, produtos de consumo diário também devem seguir aumentando de preços.